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Na manhã seguinte, senti a luz suave atravessando a janela e comecei a acordar, ainda sonolenta. O braço de Gabriela envolvia minha cintura, e seu corpo estava próximo ao meu, transmitindo um calor confortável. Ela se ajeitou um pouco mais, aproximando o rosto do meu pescoço, e senti sua respiração leve contra minha pele. Era uma sensação que misturava segurança e algo indescritível, como se estivéssemos em uma bolha fora do mundo real, onde apenas nós duas existíamos.

Sem pressa, me aproximei dela, apreciando o momento e me aninhando. Gabriela murmurou algo quase inaudível, e seus lábios tocaram de leve meu pescoço, me fazendo sorrir.

— Bom dia — sussurrei, com a voz ainda rouca de sono.

Ela ergueu a cabeça devagar, abrindo os olhos e me lançando aquele sorriso preguiçoso que só fazia quando estava completamente à vontade.

— Bom dia, Lena — ela murmurou de volta, a voz ainda baixa e envolvente.

Passamos mais alguns minutos assim, em silêncio, apenas aproveitando a presença uma da outra, os movimentos pequenos e delicados. Gabriela começou a traçar círculos preguiçosos nas minhas costas, e eu fechei os olhos, saboreando o momento. Aquela folga inesperada parecia um presente.

Depois de um tempo, Gabriela quebrou o silêncio, sorrindo.

— Você quer fazer alguma coisa hoje? Podemos ficar aqui, só nós duas, ou sair para fazer qualquer coisa que você quiser.

Sorri, considerando as possibilidades. A ideia de passarmos o dia juntas, sem a pressão de treinos ou interferências externas, parecia perfeita.

— Que tal um café da manhã demorado? Depois, podemos dar uma volta. Só nós duas, sem preocupações.

Ela assentiu, contente com a ideia, e me deu um beijo carinhoso na testa.

— Combinado.

Aquele começo de dia era tão tranquilo e natural que me fez perceber o quanto estar ao lado dela me dava paz.

O telefone começou a vibrar insistentemente ao meu lado, mas ignorei completamente, me aconchegando ainda mais em Gabriela e colando nossos corpos. A última coisa que eu queria era interromper aquele momento por qualquer ligação ou mensagem.

Gabriela riu, percebendo minha relutância em me mover, e me envolveu com ainda mais força. Sua risada suave me fez sorrir, e, sem aviso, ela começou a dar pequenos beijos rápidos no meu ombro, provocando uma sensação de cócegas que me fez rir descontroladamente.

— Para! — protestei, rindo, tentando me encolher de um jeito que só a fazia rir mais ainda.

— Ah, é assim, é? — ela provocou, continuando com os beijos e rindo ao ver minha tentativa frustrada de escapar. — É pra você aprender a não ignorar o telefone, Lena. Vai saber se é importante.

— Você está implicando comigo só porque quer uma desculpa pra fazer cócegas — respondi, ainda rindo e tentando respirar fundo.

Ela parou por um segundo, os olhos brilhando enquanto me olhava, e um sorriso leve surgiu em seus lábios.

— Talvez eu queira mesmo. Mas, tudo bem, vou dar uma trégua... por enquanto — disse, finalmente parando com os beijos e me encarando, seus olhos se suavizando.

Eu suspirei, sentindo o coração desacelerar. Me aproximei ainda mais dela, aproveitando o calor e o conforto do momento.

— Acho que nada no mundo é mais importante do que isso aqui, agora — murmurei, baixinho, enquanto ainda sorria.

Gabriela assentiu e me deu um beijo suave na testa.

— Então, que o mundo espere, Lena.

Quando Gabriela se inclinou para me beijar, o telefone começou a vibrar novamente. Suspirei, frustrada, enquanto ela soltava uma risada divertida. Ela me deu um beijo rápido, os lábios quentes em contraste com a frieza súbita que invadiu meu peito, e então se levantou para ir ao banheiro.

Se ela quiser, eu também queroOnde histórias criam vida. Descubra agora