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Enquanto comíamos, Gabriela começou a falar sobre as expectativas para o próximo jogo e como estava ansiosa para ver as nossas táticas postas em prática. Havia uma paixão em sua voz que só aparecia quando o assunto era vôlei, e eu adorava observar o brilho nos olhos dela quando ela falava sobre algo que amava.

— Mas — ela continuou, com um sorriso esperto — preciso confessar que, desde que voltei a me importar com "jogos" e "táticas", meu jogo favorito é convencer você de que realmente quer isso... nós duas.

Engasguei com a última mordida do croissant e ela riu, dando um leve tapinha nas minhas costas enquanto eu tentava me recompor.

— Você é terrível, Gabi! — resmunguei, mas não consegui esconder o sorriso. — E, falando nisso... eu já tenho minhas próprias táticas. — Fingi seriedade, estreitando os olhos para ela.

Ela arqueou uma sobrancelha, claramente interessada.

— Ah é? E que táticas são essas, exatamente?

— Eu ainda estou aprimorando, mas digamos que envolvem uma certa... distância estratégica.

Ela riu, entendendo a provocação, e balançou a cabeça.

— Boa tentativa, mas acho que já estamos um pouco além dessa fase. — Gabriela segurou minha mão e a trouxe para o próprio colo, acariciando suavemente meus dedos com os dela. — Você sabe que me pegou de jeito, Helena. Mais do que eu já consegui admitir pra você. Então, esquece essa distância estratégica.

Ela apertou minha mão com mais firmeza, como se estivesse reforçando o ponto, e um arrepio subiu pelo meu braço.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas sentindo a companhia uma da outra. As palavras pareciam desnecessárias. O olhar dela era mais que suficiente para me mostrar o quanto tudo aquilo era real. Era um tipo de entendimento silencioso, profundo, e eu não sentia pressa para quebrá-lo.

— Então... — Gabriela começou, a voz levemente rouca e divertida. — Pronta para dormir ou acha que ainda temos energia para uma última rodada de sobremesa?

Olhei para ela com falsa surpresa, tentando esconder um sorriso.

— E qual seria essa sobremesa?

Ela sorriu e apontou para um pequeno doce que estava no pacote — um mil-folhas recheado que parecia ter sido escolhido especialmente.

— A sobremesa que você escolher, Lena. Mas, se me permitir um palpite... acho que posso sugerir uma bem aqui. — Ela inclinou-se para frente, um olhar decidido que fez meu coração bater mais rápido.

Suspirei, me rendendo.

Ela se inclinou mais para perto e sussurrou, com o tom provocador que sempre conseguia desarmar qualquer defesa minha.

— Sabe, Lena... se você quiser escolher outra sobremesa, tudo bem, mas eu juro que sou uma ótima opção.

Tentei manter a expressão séria, mas fracassei. Rindo, apontei para o mil-folhas.

— Eu escolho a sobremesa clássica, Gabriela. Pelo menos para começar.

Ela fez um leve beicinho, fingindo desapontamento, mas logo voltou ao sorriso quando cortei um pedaço do doce e ofereci a ela. Gabriela mordeu o pedaço, saboreando devagar, e então se inclinou, pegando um pouco de creme com o dedo e tocando levemente minha bochecha, me surpreendendo. Eu ri, tentando escapar, mas ela segurou meu rosto com a outra mão, fazendo carinho com o polegar.

— É estranho — disse ela, mais séria agora. — Como eu sinto que cada segundo com você parece algo novo. Como se eu estivesse te descobrindo pela primeira vez.

Se ela quiser, eu também queroOnde histórias criam vida. Descubra agora