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No caminho de volta ao hotel, a pressão no meu peito não diminuía. Cada passo parecia mais pesado, como se o peso dos meus próprios sentimentos estivesse ancorado nas minhas pernas. Eu tentava ignorar o turbilhão dentro de mim, mas não era fácil. A sensação de que, mesmo depois de tudo, ainda estava tão distante de Gabriela cortava como uma faca.

Rosa, ao meu lado, percebeu o silêncio e, tentando aliviar a tensão, perguntou com seu tom leve:

— E aí, Lena, o que você quer comer hoje?

Tirei um suspiro profundo e, sem muito pensar, apenas respondi:

— Não tem muita opção para nós, de qualquer maneira.

Rosa soltou uma risada leve. O som foi como uma tentativa de aliviar o clima, e, por um segundo, me vi dando um leve sorriso, quase automático. Mas ele se foi rápido, como se a dor fosse maior e me impedisse de continuar.

O sorriso desapareceu quase tão rápido quanto apareceu, e, no lugar dele, veio aquela vontade de chorar que parecia nunca se ir embora. Eu queria deixar isso pra lá, seguir em frente, mas não conseguia. O peso de saber que mais uma vez estava perdendo o que eu mais queria me esmagava por dentro. Não tinha Gabriela. Nunca mais teria. E isso, por mais que tentasse fugir, estava sempre ali, me sufocando.

Rosa percebeu a mudança no meu rosto, mas não falou nada. Ela provavelmente sabia que não era o momento de perguntar, de tentar tirar algo de mim. O silêncio se estendeu entre nós, e eu só queria que o tempo passasse mais rápido, para que eu não precisasse mais lidar com isso.

Eu engoli a dor. Respirei fundo. Cada passo me afastava de Gabriela, mas ao mesmo tempo, me aproximava da realidade que eu ainda não conseguia aceitar.

O hotel parecia tão distante, e cada segundo ao lado de Rosa só me lembrava de como minha vida havia se transformado em um vazio, em algo que eu não sabia mais como preencher.

Ao chegarmos no hotel, o peso da minha respiração não diminuía, mas Rosa, sempre atenta, me olhou e disse:

— Vamos subir, Lena.

Eu concordei sem dizer muito, apenas sentindo a exaustão tomar conta de mim. Mas antes que ela fosse, senti o olhar de Gabriela me alcançando. Ela se aproximou de mim com passos firmes, e meu coração apertou ainda mais.

Rosa, percebendo a presença dela, olhou para mim, hesitou por um segundo e, com um sorriso forçado, disse:

— Vou te deixar com ela. Cuide-se, Lena.

Eu apenas assenti e disse:

— Está tudo bem, Rosa. Pode ir.

Quando Rosa foi embora, o silêncio entre Gabriela e eu foi denso. Ela não perdeu tempo. Sabia que algo estava acontecendo entre nós, e não demorou a deixar claro.

— Você tem ciúmes de Rosa e de mim, não tem? — Falei, sem rodeios. Eu já não tinha mais forças para esconder o que sentia.

Gabriela respirou fundo, uma expressão de frustração cruzando seu rosto. Ela olhou para mim, com um brilho de possessividade nos olhos, e, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela respondeu, de forma baixa, mas clara:

— Eu... eu sei que estou com ciúmes, sim. Mas, Helena, você... Quando você está em jogo, Sheila nunca foi uma opção para mim. Eu só estava tentando terminar sem magoá-la, mas não me atentei aos seus sentimentos.

Eu só consegui assentir, minha garganta apertando, o peso daquilo tudo me esmagando. Não consegui olhar para Gabriela, pois sabia que qualquer palavra que eu dissesse seria mais uma fissura no que restava de nós.

Se ela quiser, eu também queroOnde histórias criam vida. Descubra agora