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Quando saímos do banho, o clima entre nós já parecia outro — leve, sem a tensão que antes pairava entre as palavras. Senti que havia sido um passo importante, uma pequena vitória para nós. Sequei o cabelo ao lado de Gabriela, que, vez ou outra, me lançava um sorriso distraído pelo espelho. Cada olhar parecia um lembrete silencioso do quanto eu gostava de tê-la por perto, e por um momento, deixei-me ser envolvida por essa sensação.

Mais tarde, nos jogamos na cama, sem pressa. Gabriela me abraçou por trás, encostando o rosto no meu ombro, e eu senti o calor do corpo dela me envolvendo. Ela começou a dar pequenos beijos no meu ombro, deslizando os lábios pela minha pele com um carinho que me arrancava risos baixinhos.

— Você sabe que é a mulher mais linda e cheirosa do mundo, né? — sussurrou, com uma voz suave e divertida, enquanto depositava mais beijos em meu pescoço.

Deixei escapar uma risada, sem conseguir esconder o quanto aquilo me deixava feliz.

— E você sabe que é boba, né? — brinquei, dando um leve empurrão com o ombro, mas deixando-me ficar ali, sentindo a presença dela e aproveitando o momento.

Gabriela, então, parou por um instante, e senti seu olhar se intensificar. Quando me virei para encará-la, percebi que seus olhos tinham uma profundidade que parecia conter todas as palavras não ditas e as promessas silenciosas entre nós. Ela me olhava como se quisesse gravar cada detalhe, cada expressão.

— Lena... — começou, em um tom que fez meu coração acelerar de leve. — Eu espero que, em breve, eu possa dizer que você é a namorada mais linda e cheirosa do mundo.

Fiquei em silêncio, absorvendo aquelas palavras, o significado que carregavam. Eu sabia o que ela queria dizer, e o que aquilo representava para nós. Ela queria algo mais, algo sólido, algo que dissesse ao mundo que nós estávamos juntas, finalmente e sem medos.

Abri um sorriso, um sorriso que misturava alegria, surpresa e talvez um pouco de medo também. Mas no fundo, mais do que tudo, era um sorriso de esperança. Eu me aproximei dela, entrelacei nossos dedos, e respondi, em um sussurro:

— Então... talvez você precise me convencer ainda mais, Gabriela.

Ela riu, aquele riso leve e que parecia sempre iluminar tudo ao redor, e me puxou para mais perto, nossas testas encostando.

Gabriela me puxou suavemente para um beijo, e eu retribuí, deixando a mão deslizar até a bochecha dela, acariciando-a com um carinho que parecia expressar tudo o que eu sentia naquele momento. Era como se as palavras fossem desnecessárias, e o silêncio preenchido apenas pela respiração dela e pelo toque quente de nossos lábios fosse o suficiente.

Depois de um tempo, ela se afastou um pouco e sugeriu com um sorriso:
— E se a gente assistisse uma série? Que tal?

Concordei, ainda meio perdida naquele momento de paz. Gabriela pegou o celular e abriu a Netflix, segurando o aparelho mais perto de mim para que eu pudesse ajudar a escolher o que veríamos. No entanto, antes que eu pudesse me concentrar na tela, uma notificação apareceu: Sheila curtiu uma publicação na qual Gabriela foi mencionada.

Respirei fundo, tentando ignorar o incômodo que a mensagem provocou. Brinquei, tentando manter o tom leve:
— O inimigo não cansa de cercar as gays felizes, né?

Gabriela soltou uma risada sincera e entrou na brincadeira, o que me fez relaxar um pouco. Mesmo assim, algo em mim permaneceu inquieto. A lembrança da mensagem "Gabizinha" pairava na minha mente, fazendo minha garganta secar e o peito pesar. Um turbilhão de pensamentos começou a girar, e sem aviso, uma tontura foi tomando conta, fazendo meu mundo girar de leve.

Se ela quiser, eu também queroOnde histórias criam vida. Descubra agora