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O barulho dos gritos e saudações inunda meus ouvidos, temporariamente inibindo meus sentidos. Durante o último ponto do set, tenho a impressão de que a queda da bola acontece em câmera lenta; os cinco segundos que antecedem o anúncio da vitória se desenrolam lentamente em minha mente.

Sinto meus pés se chocarem contra o chão e, considerando a força que apliquei para o salto, acabo me desequilibrando e caindo. Assim que a bola toca o solo da quadra adversária, tudo volta ao normal e o impacto iminente faz meu coração retomar seu ritmo acelerado.

Agora, só escuto os gritos de comemoração da plateia e das minhas companheiras de time. Estrear em uma Olimpíada é sempre especial, mas conquistar a primeira vitória no primeiro jogo torna tudo ainda mais saboroso.

Levanto-me rapidamente, ainda cambaleando pela força do impacto e anestesiada pela sensação da vitória. Roberta agarra meu braço, comemorando e chamando minha atenção.

— A gente ganhou, Lena! Arrasamos!

— Não tô acreditando, Rô! Estreamos da melhor maneira possível.

— Isso merece uma comemoração hoje mais tarde.

Não tive tempo de responder, pois Carolana pulou no meu colo, se agitando tanto que caí novamente. Mas ela não me soltou. Logo, estávamos todas juntas no chão, celebrando o resultado de um esforço tão longo.

Retornamos ao vestiário e dirigi-me para minha pequena mala. Dizer que todas estavam com pressa para pegar seus itens e sair seria um eufemismo; as mãos se moviam rapidamente, enfiando tudo nas bolsas sem preocupação com os amassados.

As vozes se sobrepunham à tentativa frustrada do Zé em elogiar e passar algumas recomendações, pois a única preocupação do momento era como celebrar essa conquista. Notei que Gabriela estava estranhamente silenciosa.

Enquanto a animação tomava conta do vestiário, uma sensação de inquietude começou a se formar em mim. Olhei para Gabriela, que ainda permanecia em silêncio, com o olhar distante. Ela sempre foi uma das mais dedicadas do time, e seu comportamento agora me preocupava.

— Ei, Gabi, tudo bem? — perguntei, me aproximando.

Ela me lançou um sorriso fraco, mas não parecia convencida. — Estou só pensando... É um grande momento, e eu... não sei. É como se eu estivesse perdida.

— Perdida? Por quê? Você fez um ótimo jogo! — tentei encorajá-la.

Roberta e Carolana se juntaram a nós, ainda comemorando.

— Vamos comemorar, Gabi! Você é uma peça chave do time! — disse Carolana, enquanto pulava animadamente.

Gabi suspirou. — Eu sei, mas eu queria ter jogado melhor. Sinto que poderia ter contribuído mais.

Antes que pudesse responder, Zé entrou no vestiário novamente, com um sorriso orgulhoso. — Meninas, parabéns pela vitória! O primeiro passo foi dado, e agora precisamos manter o foco. Mas hoje à noite, a comemoração é por conta do time!

Um coro de gritos e risadas ecoou pelo vestiário. Gabriela, mesmo com seu desânimo, começou a sorrir um pouco, contagiada pela alegria do grupo.

— Vamos nos arrumar e sair para festejar! — disse Roberta, puxando Gabi pelo braço.

A energia no vestiário estava contagiante, e logo todas começamos a nos preparar para a saída. O clima de camaradagem e celebração me fez esquecer rapidamente a preocupação com Gabi.

Quando finalmente saímos, o ar estava fresco e a cidade pulsava com a energia da vitória. Decidimos ir a um bar próximo, onde podíamos relaxar e celebrar como um time.

Se ela quiser, eu também queroOnde histórias criam vida. Descubra agora