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Depois da minha conversa com Gabriela, o dia seguinte passou de maneira tranquila, embora a nossa sessão de treino tenha sido extremamente pesada, considerando que nossas próximas rivais não nos permitiriam ter um jogo fácil.

De alguma forma que, ainda estou tentando descobrir, Gabriela conseguiu permanecer no quarto que eu dividia com Carol, alegando que iria providenciar a mudança oficial de quarto, mas já gostaria de permanecer, para que pudesse ir se adaptando ao ambiente. Carol protestou avidamente, mas foi voto vencido.

Gabriela possuía uma aliada de peso: Taisa.

Não foi difícil convencer Carol a me abandonar neste quarto.

Neste início de manhã, antes mesmo de os primeiros raios solares brotarem por entre as janelas, eu e Gabriela já estávamos de pé. Embora houvessem duas camas no quarto, continuávamos compartilhando a mesma. De alguma forma, depois do nosso "acerto de contas" eu sentia constantemente precisar do toque dela para me assegurar de que ela estava aqui e de que havia – finalmente – me escolhido.

Gabriela parecia compreender o meu sentimento, mesmo que eu não o falasse abertamente, e passava todo o tempo que podia me encostando, me abraçando, me agarrando em qualquer canto não visível da quadra.

Nos arrumamos rapidamente para poder iniciar logo cedo este dia de jogo e assegurar que estaríamos prontas para o desafio iminente que se aproximava.

Descemos juntas para o refeitório, cada uma perdida em seus próprios pensamentos, mas o silêncio entre nós não era desconfortável. O jogo contra o Japão se aproximava, e eu sabia que tanto eu quanto Gabriela estávamos preocupadas com o desempenho que precisávamos ter. Cada partida era crucial, e aquele sentimento de tensão pré-jogo já começava a tomar conta.

Quando chegamos ao refeitório, o som das conversas e das risadas das outras jogadoras já preenchia o ambiente. Gabriela e eu pegamos nossas bandejas e nos dirigimos ao balcão de comida. Enquanto colocávamos as opções no prato, Gabriela encostou o ombro no meu de leve, um toque casual, mas cheio de carinho. Ela me olhou de lado, um pequeno sorriso brincando em seus lábios, como se quisesse aliviar um pouco da tensão.

— Não se preocupa tanto, vamos arrasar hoje — ela disse, a voz baixa, como se fosse um segredo só nosso.

Eu sorri de volta, o nervosismo diminuindo por um breve instante.

— Espero que sim. Hoje vai ser um jogo duro, mas estamos prontas — respondi, tentando mostrar mais confiança do que realmente sentia.

Com nossas bandejas cheias, fomos em direção à mesa onde Rosamaria, Roberta, Taisa, Carol e outras jogadoras já estavam sentadas. Assim que nos viram, Rosamaria, que estava sempre com seu humor afiado, ergueu uma sobrancelha e soltou uma risada.

— Ué, o que aconteceu? — ela brincou, olhando de Gabriela para mim. — A Gabi está radiante hoje, o que houve?

Gabriela soltou uma risada leve, mas deu de ombros, sem responder diretamente. Sentei-me ao lado dela, enquanto sentia meu rosto esquentar levemente com a provocação. Taisa, sempre perceptiva, sorriu de canto e entrou na brincadeira.

— Será que foi alguma coisa especial que aconteceu essa noite? — ela disse, olhando de um lado para o outro com um ar de mistério, provocando mais risadas das outras.

Roberta, que estava mais focada no jogo, ergueu a cabeça e olhou para Gabriela com um sorriso brincalhão.

— Ah, então é por isso que você está tão leve hoje, Gabi? Bem que eu percebi no treino que alguma coisa estava diferente.

Gabriela, sempre elegante, deu uma risada curta e balançou a cabeça.

— Vocês adoram fazer uma novela, hein? — ela disse, tentando manter a compostura, mas havia um brilho nos olhos dela que entregava tudo. — Só estou focada, vai ser um grande jogo hoje, nada mais.

Se ela quiser, eu também queroOnde histórias criam vida. Descubra agora