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As meninas estavam exaustas, mas animadas, e a energia no vestiário era quase palpável. Rosamaria, sempre a primeira a puxar as brincadeiras, levantou os braços, ainda ofegante, e anunciou:

— Meninas, temos que comemorar! Uma vitória dessas precisa ser celebrada, nem que seja com uma janta rápida. Quem tá dentro?

Taisa já concordava enquanto tirava as joelheiras, rindo.

— Com certeza, mas eu voto por algo tranquilo. Não tenho mais idade para festa a noite toda — brincou ela, arrancando risadas do grupo.

Roberta, deitada no banco do vestiário com uma toalha sobre o rosto, levantou a mão, indicando sua participação, ainda sem abrir os olhos.

— Eu topo qualquer coisa que envolva comida. Vamos!

Todas estavam entusiasmadas com a ideia, mas eu já sentia o cansaço pesar em cada músculo. A intensidade do jogo, a pressão, e a quantidade de saltos e defesas começaram a cobrar seu preço. Eu respirei fundo, querendo muito estar presente, mas sabendo que meu corpo precisava de descanso.

— Eu adoraria ir, meninas, mas sinceramente... — comecei, olhando para todas elas, que pararam o que estavam fazendo para me ouvir. — Eu estou exausta. O jogo foi pesado demais pra mim. Acho que vou passar dessa vez e só quero me deitar.

Rosamaria franziu o cenho, claramente desapontada, mas compreensiva.

— Ah, Hê, você sempre puxa o freio de mão, hein? Mas tudo bem, entendemos. Só que vamos insistir mais um pouquinho, né, gente?

— Isso! — concordou Carol, já com um sorriso malandro. — Vamos, Helena, não vai ser a mesma coisa sem você!

Apesar das tentativas, balancei a cabeça e sorri educadamente.

— Obrigada, de verdade. Mas meu corpo está me pedindo descanso. Vocês podem se divertir sem mim. Prometo que vou na próxima, tá?

Gabriela, que estava quieta até então, observando a conversa com aquele seu olhar atento, suspirou. Ela se aproximou de mim, parecendo contrariada, mas com um toque de carinho em suas palavras.

— Eu vou com elas, mas só porque preciso socializar um pouco... — disse ela, torcendo os lábios. — Mas vou voltar mais cedo, prometo. Não tem graça sem você.

As meninas riram e começaram a se arrumar para sair, ainda comentando sobre o jogo e a tática do Japão, enquanto Gabriela ficava ao meu lado, mexendo em sua bolsa, como se estivesse enrolando para sair. Aos poucos, todas se despediram animadas, saindo do vestiário, deixando apenas eu e Gabriela ali.

Com as costas viradas para mim, ela mexia na sua bolsa, como se procurasse algo, e começou a falar, o tom de voz suave mas provocativo.

— Sabe, Hê, eu acho que sem você lá, a comemoração não vai ter graça. Precisava de uma autorização da minha mulher para sair, né?

Eu ri, cruzando os braços.

— Sua mulher? — provoquei, levantando uma sobrancelha. — Bem, nesse caso, acho que a resposta é "não autorizada".

Gabriela deu uma risadinha, se virando um pouco para mim com um sorriso de canto.

— Poxa, sem a sua permissão, então, vou ter que voltar mais cedo mesmo... — Ela parou de falar quando me viu me levantar devagar.

Quando coloquei o peso no meu pé direito, uma dor intensa irradiou pelo meu tornozelo, me fazendo perder o equilíbrio instantaneamente. Um gemido de dor escapou dos meus lábios enquanto meu corpo cedeu, e antes que eu pudesse reagir, me vi caindo no chão com um baque.

Se ela quiser, eu também queroOnde histórias criam vida. Descubra agora