O silêncio que se seguiu ao nosso beijo estava carregado de emoções não ditas. Eu sabia que havia cruzado uma linha, mesmo que eu tentasse me convencer de que era só um momento. O que tinha sido uma fuga temporária da realidade agora se tornava um peso que eu não sabia como carregar.
— Então... — disse Gabriela, quebrando o silêncio. — O que fazemos agora?
Eu me afastei um pouco, olhando para o chão. A ideia de retomar a normalidade parecia distante. — Não sei. O que podemos fazer? Sheilla ainda está no caminho. E você precisa resolver suas coisas com ela.
Gabriela balançou a cabeça, um misto de frustração e tristeza. — Eu sei. E é isso que me deixa tão confusa. Quero você, mas não consigo me livrar da Sheilla de imediato. Isso não é justo com você.
— Não é justo para nenhuma de nós — respondi, tentando ser firme. — Eu não quero me envolver em mais drama. Precisamos ser honestas sobre o que queremos.
Ela suspirou, como se estivesse liberando um peso que carregava há muito tempo. — O que eu quero, Helena, é ter a chance de explorar isso entre nós. Mas não posso fazer isso enquanto estou presa a esse relacionamento.
— Então, o que você vai fazer? — Perguntei, a curiosidade me puxando para a conversa.
— Eu preciso falar com a Sheilla. Precisamos ter uma conversa de verdade. Não posso continuar vivendo assim.
O som do meu coração disparando parecia ecoar no silêncio do quarto. Era uma decisão importante, mas, ao mesmo tempo, cheia de incertezas.
— E se ela não aceitar? — perguntei, preocupada.
— Eu vou ter que enfrentar isso. Porque o que eu sinto por você é real, e eu não posso ignorar isso mais. — O olhar de Gabriela se intensificou, e eu senti um calor crescer dentro de mim.
— Eu não quero que você se machuque — respondi, lutando contra a esperança que se acendia em meu peito.
— Às vezes, para conseguir o que queremos, precisamos arriscar. E eu estou disposta a fazer isso.
Nossos olhares se encontraram, e, por um momento, o mundo exterior parecia distante. Havia uma promessa ali, uma possibilidade de que, talvez, nós pudéssemos ter algo mais. Mas o que isso significaria para nós duas? Essa era a verdadeira questão que pairava no ar.
A tensão no ar parecia aumentar enquanto eu olhava para Gabriela, sentindo a insegurança se misturar com o desejo. Eu precisava ser honesta com ela, mesmo que isso significasse expor minhas fragilidades.
— Gabi, eu não entendo... — comecei, hesitando antes de continuar. — Por que você está disposta a arriscar toda a sua paz por algo entre nós, depois de tanto tempo?
Ela franziu a testa, a confusão estampada em seu rosto. — Helena, você é importante para mim. Eu não posso simplesmente ignorar isso. Não posso deixar a Sheilla me controlar.
— Mas e se isso não der certo? — perguntei, minha voz falhando um pouco. — E se você acabar se machucando de novo? Eu não quero ser a causa disso.
Gabriela se aproximou, seu olhar penetrante. — Não sou a mesma pessoa de antes. Eu cresci, aprendi com os meus erros. E, mais importante, eu realmente gosto de você. Isso não é apenas uma fase ou um capricho.
Senti meu coração disparar, mas a dúvida ainda pairava. — E se eu não for o que você espera? O que você precisa?
Ela sorriu levemente, como se estivesse me vendo pela primeira vez. — Helena, eu não estou procurando perfeição. Só quero ser honesta com você e comigo mesma. Você me faz sentir coisas que eu não posso ignorar.
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Se ela quiser, eu também quero
RomantizmA linha tênue entre o passado e o presente precisa ser rompida para que Helena possa, além de superar traumas antigos, avançar na sua própria felicidade. Helena Gambatto retorna às suas raizes quando aceita a convocação para as olimpíadas e será obr...