Capitulo 2

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Após a cena do beijo, absolutamente constrangedora e aversiva para Dulce, os convidados se adiantaram para cumprimentar os noivos separadamente.

Christopher foi tragado por uma multidão, que praticamente lhe engolfava com falatórios empolgados e tapinhas nas costas. Dulce teve que reprimir o sorriso de satisfação ao ver aquilo.

Mais tranqüila com a ausência daquele homem grande e arrepiante, Dulce escapuliu para tomar um pouco de ar e beber algo. Estava nauseada com tudo aquilo.

Enquanto bebericava uma água, perto de uma janela mais afastada, achou que finalmente encontrara um pouco de paz.

- O que faz aqui isolada, Maria? Devia estar perto de seu noivo, como uma boa futura esposa! - Alguém disse com som sarcástico da voz.

Dulce virou para trás e viu sua tia Muriel olhando-a com um sorriso rasgado.

- Meu nome é Dulce, tia. - A ruiva replicou, querendo sair dali.

- Dulce Maria. - Muriel deu de ombros, indiferente. - Maria é um pouco mais apresentável do que Dulce, por isso acho que deviam chamá-la assim como eu faço.

- Eu gosto do meu nome, obrigada. - Dulce fez uma reverência forçada e voltou a beber mais água.

- Está tão magra. - Muriel comentou, com ar depreciativo, mirando Dulce. - Anda passando fome por acaso?

- Não, senhora.

- Ainda bem que não tive o desprazer de ter uma filha com sua estrutura óssea. É muito pequena. - Atacou a mulher, e Dulce suspirou. - Erondine graças a Deus nasceu com metade da beleza puxada à mim, e a outra metade à do pai. Que Deus o tenha, meu marido! Os genes de Erondine são completamente diferentes dos seus e de sua família. Ainda bem, não? - Muriel sorriu com um esgar.

Dulce sentiu vontade de pular em cima da tia-avó. Mas por outro lado teve muitas ganas de rir.

Erondine era sua prima afastada, filha única de Muriel. A família sempre tinha querido mantê-las juntas e fazê-las amigas (com exceção de Muriel, que Dulce tinha
certeza que fazia de tudo para que a filha se mantivesse afastada dela), mas as duas garotas nunca tinham se dado bem.

Dulce no começo até tentara uma aproximação com a prima, mas Erondine fora sempre tão má que a ruiva aos poucos tinha desistido. A partir daí o convívio ficara mais
difícil, pois as duas não se gostavam.

Eram completamente opostas. Em tudo. Erondine era arrogante, egoísta, e com veia superior; era demasiado invejosa e superficial também.

E em matéria de aparência, lembrava muito sua mãe, Muriel. As duas pareciam pertencer à uma família de sapos na opinião de Dulce.Por isso a ruiva teve que prender um riso quando sua tia-avó disse que a filha tinha herdado, afortunadamente, metade de sua beleza.

Afinal, não seria beleza a palavra. E sim feiúra.

- Erondine volta quando de Londres? - Dulce perguntou, para tentar desanuviar aquele clima.

A prima tinha ido passar uns tempos lá. Fora embora há um ano, e nesse tempo que Muriel estava sem a companhia da filha, dedicava-se totalmente a perseguir Dulce mais do que o normal.

- Ela volta em alguns meses. - A tia respondeu com uma certa frieza.

- Dulce! - Fernando se aproximava, lívido. - Onde se meteu? Seu noivo está esperando-a!

Amor DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora