Depois da conversa entre Dulce e Christopher no Borboletário, o homem se tornara muito mais ameno. Até mesmo as expressões de maldade, frieza e amargura que antes eram constantes no belo rosto dele, deram lugar à expressões mais relaxadas e leves.
Estava mais generoso e calmo com todos; até mesmo com os criados, que antes eram tratados na mais pura indiferença.
"Ele mudou com todo mundo.Porém comigo continua com certa frieza", Dulce pensou, observando o marido sentado numa poltrona em frente à lareira, brincando com Clark.
Ultimamente os dois estavam se dando muito bem.
Com um leve sorriso, Dulce se aproximou.
- Vocês já não parecem mais inimigos como antes. - Disse baixinho, parando perto de Christopher.
Ele sorriu, sem levantar os olhos, e fez uma carícia no pêlo do gato.
- Digamos que um ergueu a bandeira branca para o outro.
Dulce riu.
Christopher ergueu os olhos risonhos para ela. Mas assim que os olhares encontraram, ele desviou e ficou mais sério.
Com o coração acelerado, Dulce se aproximou para pegar Clark no colo.
Os cachos vermelhos foram para frente, espalhando o perfume bem perto de Christopher. Ele se levantou, quase apressado.
- Se prepare para o almoço. - Ele disse, e logo saiu da sala.
Dulce suspirou, afagando o gatinho em seus braços. Para completa surpresa da ruiva, o almoço não foi feito em silêncio, ou em meio há uma discussão, como era de costume.
Ao contrário. Christopher puxou um assunto que fosse do interesse da esposa, e logo ela se esqueceu de todo o resto, conversando animadamente na mesa, enquanto ambos comiam.
Quando Dulce riu de uma besteira qualquer, Christopher sorriu de leve e observou-a. Dulce era o retrato dos anjos quando ria.
- Tive uma idéia. - Ela disse afobadamente, quando dois criados lhes serviram a sobremesa. - Vamos comer os doces no jardim?
Christopher se retraiu, parecendo se assustar com a idéia.
- No... jardim?
- Sim! - Os olhos da ruiva brilharam quando ela se levantou, já embalando as sobremesas em guardanapos. - Como um piquenique! Nunca fez isto?
- Há muito tempo não faço. - Ele respondeu, com um suspiro.
- Então hoje será uma ótima oportunidade. - Ela sorriu, indo até ele e puxando-o pela mão.
Quando os dois sentaram em cima da toalha que Dulce levara para o jardim, Christopher deu um risinho irônico.
- Deus, há tanto tempo eu não fazia algo do tipo.
Dulce sorriu, animada, espalhando as sobremesas, uma jarra de suco e copos em cima da toalha.
Os dois voltaram a conversar, degustando dos doces e se divertindo. Nem mesmo Christopher percebia, mas ele ali estava relaxado e alegre como nunca estivera antes.
- Tem noção de que nos últimos minutos sorriu mais do que em todos os meses que passaram? - Dulce murmurou, brincando com a colher entre os dedos.
Christopher parou de sorrir.
- Nunca perca isso. - Dulce recomendou. - Um sorriso vale mais do que mil palavras ou gestos. E devo dizer que seu sorriso o deixa mais bonito. - Ela acrescentou, tímida e sem encará-lo.
Christopher riu baixinho, de forma rouca e sensual, deixando os sentidos de Dulce eriçados.
- Bem, agora que terminamos vamos entrar? - Ela disse.
Quando se levantou, um vento transpassou as árvores, fazendo flores e folhas pequenas voarem ao redor de Dulce.
Ela sorriu, dando um pequeno giro e estendendo uma pequena mão para pegar as folhas no ar.
Christopher continuou sentado, admirando-a.
Dulce parecia uma visão celestial, as faces coradas e os cabelos ruivos esvoaçando, juntamente com a barra do vestido.
Mas ela não parecia fazer idéia de como estava angelicalmente bela naquele momento.
- Vamos de uma vez, tenho... coisas para fazer na biblioteca . - Christopher disse se levantando e pegando a toalha do chão.
Dulce assentiu, com um suspiro, e acompanhou o marido de volta para dentro da casa.