Capitulo 18

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Dias depois...

Dulce estava caminhando lentamente por fora da Mansão. Ainda era começo de tarde.

Caminhou até a Fonte Uckermann, e sentou-se na beirada, colocando uma mão delicada dentro da água e começando a brincar com os dedos.

Estava pensativa... aqueles últimos dias tinham sido uma loucura, e até aquele dia
Christopher e ela não estavam se falando normalmente.

Poucos minutos depois, Dulce virou-se com sobressalto ao ouvir um barulho nas folhas
secas do chão.

Não viu nada e franziu o cenho.Levantou-se, e ouviu um miado baixo.

- Mas.. - Dulce andou um passo, e quando olhou para sua baixa diagonal viu um pequeno gatinho branco miando e tremendo, escondido nas folhagens perto da Fonte. - Um gatinho!

Sorrindo, Dulce foi até ele e se abaixou. O gatinho se retesou todo, com medo.

- Não precisa ter medo... O que faz aqui? - A ruiva pegou o animalzinho com muito cuidado, acariciando-o. - Pobrezinho! Está tremendo.

O pequeno bichinho miou mais alto.

- Coitado do animalzinho... - Dulce o observou, e viu que o gatinho estava todo sujo e parecia maltratado. Além de tudo, parecia estar faminto e frágil. - Não se preocupe, vou cuidar de você. Vamos para dentro.

Dulce, com a pequena bola branca de pêlos em seus braços, voltou para dentro da Mansão.

Estava se dirigindo à cozinha, quando Christopher apareceu, descendo as escadas.

- Aonde estava, Dulce? Nem Adelaide sabia onde você estava! Eu vou precisar sair e... - Ele se interrompeu quando viu o gato, enroscado em Dulce, miando baixo e olhando ao redor. Christopher ergueu as sobrancelhas e olhou para Dulce.

- Uckermann, eu encontrei o bichinho lá fora. Acho que escalou o muro e entrou aqui dentro das propriedades. - Dulce explicou, fazendo carinho no animal. - Ele está ferido e frágil pobrezinho. É um filhote ainda.

- E o que você e eu temos a ver com este bicho? - Chris perguntou, áspero e frio.

Dulce apertou os olhos, incrédula com tamanha frieza.

- Bem, você realmente não tem nada a ver. Mas eu tenho, não vou deixar o pobre animal lá fora para morrer de frio e de fome.

- Eu não quero animais aqui dentro, Dulce. - Ele apertou os dentes, lançando um olhar duro
ao gato. - Ele está imundo, e deve estar cheio de doenças. Você sequer deveria tê-lo pegado nos braços. Deixe esse bicho lá fora e vá se lavar.

- Não vou deixá-lo lá fora! - Ela franziu o cenho. - Não se importa com nada que não seja você mesmo, não é Uckermann? Sequer um bichinho doente te dá pena!

Christopher suspirou, parecendo entediado.

- Não vai fazer diferença se o gato morrer na porta da sua casa, vai? - Dulce perguntou, já sabendo a resposta.

- A menor diferença. - Ele respondeu com ar gelado, quase divertido. - Pouco me importa se esse gato vai morrer de frio na rua, só não o quero aqui dentro!

Dulce sentiu-se arrepiar como nunca havia sentido. Deus, aquele homem era sem coração! Ele não era humano!

- Christopher, será possível você ter nascido com essa crueldade? Ou será que algo no seu passado o deixou assim, desumano? - Ela murmurou, olhando-o com uma seriedade quase pensativa.

As feições do marido se viraram, ficaram duras, e Dulce passou apressadamente por ele.

A ruiva foi até a cozinha, pegou um piris fundo e pôs leite morno dentro. Colocou no chão e pôs o gatinho na frente.

O animal foi com tanta gana ao piris que quase caiu dentro.Dulce riu, acariciando o pêlo do gato enquanto ele lambia o leite desesperadamente.

- Pobrezinho, está faminto. Não se preocupe, eu não vou deixar ninguém colocá-lo para fora. Ficará aqui até se recuperar e engordar um pouco.

Quando o gato raspou o piris, se espreguiçou.

- Ótimo, agora precisa de um banho.

O pequeno animal a olhou quase que com repreensão.

- Não, não me olhe assim. Você está imundo e se bobear deve ter até pulgas.

O gato ronronou, como se resmungasse. Sorrindo, Dulce o pegou no colo e o deixou seguro num braço, enquanto com a outra mão arrumava uma bacia com água morna, sabonete e um pano.

Deu um banho no gato (no começo ele estranhou, se eriçou todo e tentou fugir, mas no final deixou que Dulce o limpasse), o enxugou e o olhou satisfeita.

- Agora está bem melhor, não?

O gatinho miou, se espreguiçando todo.

- Bom menino. Ou será menina? - Dulce pegou o gato e foi conferir o sexo. - Não, é um menino mesmo. Você precisa de um nome, não acha?

Ele se recostou em Dulce, miando.

- Vejamos... - A ruiva pensou, afagando o pêlo (agora macio) do gato. - Já sei, Clark! É a sua cara...

Clark miou, aparentemente tinha gostado.

- Pobrezinho, é filhote ainda... - Dulce o observou. - Onde está sua mãe? Você ainda é tão pequeno.

- Senhora! - Adelaide apareceu de repente na porta. - O que é isso? Um... gato?

Dulce sorriu.

- Este é o mais novo membro da família, Adelaide. Se chama Clark!

Adelaide arregalou os olhos.

- Quem se chama Clark?

- Como quem? - Dulce girou os olhos. - O gatinho!

- Ah. Mas de quem é, senhora?

- Não sei. - A ruiva suspirou tristemente. - Achei-o lá fora, perto da Fonte. O pobrezinho tremia e mal se agüentava em pé de fome e cansaço. Trouxe-o aqui para dentro, lhe dei de comer e o limpei. Acredito que se perdeu na rua, ou o dono o abandonou, e ele acabou escalando o muro e vindo parar aqui.

- Que judiação. - Adelaide olhou para o pequeno animal. - Mas o patrão deixou a senhora ficar com ele? Que coisa mais gentil, o pobre gato devia...

Dulce pigarreou, desviando os olhos.

- O que foi? - Adelaide arqueou as sobrancelhas grisalhas. - Oh, o senhor não a deixou ficar com o gato, verdade?

- Na verdade não, mas eu ficarei com ele. - Dulce disse com impetuosidade. - Se Clark voltar para as ruas morrerá, está fraco.Eu tenho que cuidar dele, pelo menos até que se recupere. E nem mesmo o seu patrão poderá tirá-lo de mim, Adelaide.

A mulher suspirou, sem saber o que fazer. Ia discutir, mas o olhar de Dulce mostrava que a ruiva estava com plena certeza do que fazia.

Amor DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora