Dulce revirou as pequenas mãos no colo, nervosamente. Havia voltado para a mansão há quase duas horas, e nenhum sinal do marido.
Clark miou, enroscando-se nas pernas de Dulce, mas a ruiva estava tão distraída que nem percebeu.
De repente ouviu os portões da Mansão se abrindo, e um minuto depois alguém entrou.
Dulce se ergueu ansiosamente. Christopher parou bem na porta da sala de estar, observando a ruiva de forma sombria. Ele estava oculto pela sombra, Dulce mal pôde enxergar sua expressão. Ia dizer algo, mas ele se afastou abruptamente, antes que ela abrisse a boca.
Resolveu deixá-lo ir, o seguiria depois.
Mas alguns momentos depois, Dulce ouviu gritos sufocados e choros. Se assustou e foi ver o que era.
Quando chegou na cozinha, viu Christopher de pé, com a expressão dura e arrogante... e Adelaide logo adiante, sentada, em meio à um choro ansioso.
- O que está acontecendo? - Dulce perguntou.
- Adelaide não é mais bem vinda nesta casa. - Christopher murmurou algum tempo depois, impassível. - Eu convidei-a para se retirar.
Dulce arregalou os olhos, olhando da chorosa senhora para o marido.
- O quê?
- Pode deixar, senhora. - Adelaide murmurou humildemente.
- Mas é claro que não permitirei uma coisa dessas! - Dulce se indignou, virando-se para Christopher. - Está maluco?
- Não se meta nisso, Dulce Maria. - Ele retrucou friamente.
- Me meto! - Ela respondeu. - Não vou deixar você fazer isto!
- Você não tem poder de deixar ou não alguma coisa. Eu mando aqui.
- Que eu saiba a casa também é minha! Ou não foi isso que me disse no primeiro dia em que entrei aqui?
Christopher soltou o ar, impaciente.
- Não é hora de joguinhos, Dulce. Minha decisão está tomada.
- Só está mandando-a embora porque ela me contou sobre seu passado, não é? - Dulce acusou. - Quanta criancice, Christopher! Achei que você fosse um homem maduro.
- Cale-se, não entende nada.
- Entendo muito bem! - Ela gritou. Depois soltou o ar, acalmando-se. - Adelaide não
teve culpa, por Deus, Christopher... - A ruiva pensou rápido. - Eu a obriguei a me
contar!- Ah, sim? - A expressão dele foi de pura ironia.
- Sim! Fiz chantagem com Adelaide para que ela me contasse tudo! Ela ficou com
medo e não teve saída... mas agora eu vejo que agi mal, devia presumir que você descontaria suas frustrações nela também.Christopher bufou.
- Pode descontar tudo em mim, se quiser. - Dulce sugeriu. - Mas deixe-a. Adelaide não tem
aonde ir se sair daqui.- Isto não é meu problema. - Christopher gritou, sem olhar para Adelaide nenhuma vez. - Ela se meteu com algo que não lhe dizia respeito, não tem mais minha confiança e por isso não a quero mais aqui.
- Pois se Adelaide sair, eu saio também. - Dulce disse, abraçando a mulher pelos
ombros.Adelaide soluçava, balançando a cabeça para Dulce de forma negativa.
- O quê?
- Isso que ouviu. - Dulce cerrou os olhos. - Se ela sair, eu vou junto. Afinal, nós duas estamos nesta história juntas.
- Você é minha esposa, não vai a lugar algum. - Ele disse com ferocidade.
- Pois se você insistir em mandar Adelaide embora, você não poderá me impedir!
Os olhos de Christopher escaldaram de fúria por um momento.
- Isto não acaba aqui! - Disse ferozmente, se afastando em seguida e batendo a porta.
Dulce soltou o ar, aliviada. Adelaide ergueu o rosto, lavado de lágrimas.
- S-Senhora... muito obrigada. Nem sei como agradecer.
- Adelaide, imagine! Eu não poderia deixar ele te mandar embora... ainda mais porque a culpa disso tudo no fundo é minha. - Dulce suspirou. - Mas não me arrependo.
Adelaide acenou com a cabeça.
- Mas... não fique com mágoa do Christopher. - Dulce murmurou de forma hesitante. - Ele está nervoso com isso tudo. Você conhece o temperamento dele mais do que eu, tente entendê-lo.
Adelaide deu de ombros com um sorriso.
- Claro, senhora. Eu o conheço bem, sei o quanto impulsivo é. Só que desta vez ele parecia tão decidido a me mandar embora que fiquei assustada, não tenho para onde ir. Mas de qualquer forma eu não o culpo, sei que já sofreu muito. O conheço desde pequeno, por isso o compreendo.
Dulce sorriu, pegando a mão da mulher.
- Obrigada por ser tão compreensiva, Adelaide.
A mulher enxugou o rosto, e logo deu um sorriso.
- Não quero parecer alcoviteira... mas a senhora não odeia mais o patrão como no início, verdade?
Dulce pigarreou, sem graça.
- Bem...
- Não precisa responder. - Adelaide murmurou. - Nota-se que seu sentimento pelo senhor está mudando... e eu fico muito feliz por ele ter ao lado uma mulher tão compreensiva e bondosa. É disso que ele precisa para se transformar, afinal de contas. Acho que a senhora é a esperança que falta na vida do senhor Christopher.
Dulce não soube o que responder, por isso apenas deu um leve sorriso.
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Revelação no próximo cap...