Capitulo 3

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   Dulce pegou sua pequena maleta, desceu silenciosamente as escadas de sua casa, e suspirou, sem fazer barulho.

   Era começo de madrugada, e todos da casa estavam adormecidos.

   Desde cedo ela resolvera que só haveria uma solução para sua vida: fugir.

   Se ficasse ali, seu pai a obrigaria a casar com o terrível Uckermann; só de pensar em ficar nos braços daquele homem ela sentia arrepios de medo.

    E se não se casasse, com absoluta certeza seu pai a deserdaria e a renegaria como filha, colocando-a na rua. E nem mesmo sua mãe poderia fazer nada.

    Dulce estava perdida, a única solução que lhe restara era aquela. Pegara todo o dinheiro que seu pai guardara para ela desde pequena, para que agora pudesse se manter em algum lugar por algum tempo.

    Não tinha idéia do que faria depois, mas sabia que a única coisa a ser feita era aquilo. Antes sua liberdade, do que seu sofrimento, sendo prisioneira para sempre.

    Um trovão alto. Dulce gemeu; estava caindo uma tempestade! Teria que conseguir escapar em meio aquela chuva toda.

   Respirando fundo, Dulce deu uma última olhada para trás, observando silenciosamente sua casa. Depois, com cuidado, abriu a porta, passou por ela e a fechou com leveza.

    Correu pela parte de trás da casa, e resolveu enfrentar a chuva. Andou firmemente até o muro alto e cheio de arbustos, protegendo a cabeça com a maleta que levava. Mas o vento estava tão forte que não ajudou muito, mal andou dez passos e estava encharcada.

    Sem se importar, Dulce começou a escalar o muro. Escorregou diversas vezes, e algum tempo depois ela saltava do outro lado.

    Suspirou com alívio, mas ao mesmo tempo um temor... agora estava longe da proteção de onde morava, e estava sozinha.

    Tirou uma mexa molhada do rosto e se virou. A neblina da madrugada e os pingos torrenciais dificultavam sua visão. Mal dava para enxergar.

     Mas teria que se apressar e sair dali, ou os cães-de-guarda da Mansão a notariam e começariam a latir. Sorte que não tinham visto-a ou a farejado quando tinha passado rapidamente por trás da casa.

   Dulce começou a andar depressa, segurando a pequena maleta acima da cabeça. Passava o outro braço ao redor de si mesma, para amenizar o frio cortante.

    Não estava adiantando muito, sua boca tremia e seus dentes batiam. Tinha que achar a estação de trem, ou de metrô...

         - Não quer companhia para o passeio? - Uma voz irônica disse em voz alta no meio da chuva.

    Dulce levou um susto tão grande que pulou. Conhecia aquela voz malévola...

    Como numa fumaça, Christopher foi aparecendo na frente dela. Primeiro os olhos, brilhando feito os olhos de um gato possuído, depois o rosto bonito... o sorriso sarcástico... e depois o corpo grande e atlético.

    Ele se pôs na frente dela, como um leão na frente de um coelhinho. Parecia uma humilhação aquela desigualdade de tamanho e força.

    Dulce ofegou de medo, e uma fumaça branca saiu de sua boca devido ao frio.

        - Posso saber o que está fazendo? - Ele perguntou, fechando o sorriso irônico e a encarando com os olhos irados e a voz frívola.

          - Eu... eu...

Amor DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora