Adelaide cuidou de espalhar a notícia de que precisavam de um novo jardineiro na Mansão Uckermann na cidade.
No meio da tarde, já haviam dez candidatos na porta dos fundos da Mansão, esperando para serem entrevistados por Dulce.
Adelaide teve que sair um certo momento, para falar algo com os candidatos que esperavam lá fora. Nesse momento, o seguinte candidato entrou e sentou-se na frente de Dulce.
Era um homem de quarenta anos, muito mau-cuidado e mau-cheiroso. Usava uma roupa suja e lhe faltavam dentes na boca.
Dulce pigarreou, observando-o com certa repugnância.O homem sorriu, mostrando claramente os dentes podres.
- Boa tarde. - Ela murmurou. - Veio para ser o novo jardineiro?
- Com certeza, doçura.
- Ahn... Tem referências?
- Olha, madame, vou ser direto. Estou aqui pelo emprego, porque tenho um filho pequeno e doente, e preciso do dinheiro.
Esquecendo-se do hálito leve de bebida que vinha da boca do homem, Dulce se debruçou mais na mesa.
- Oh, tem um filhinho doente? - Perguntou, com pena.
- Tenho sim, moça. Ele tem cinco anos, e tem um câncer incurável. Preciso muito de dinheiro para os remédios.
Dulce franziu a testa, pensativa.
- Você tem experiência com jardins? - Perguntou, incerta.
- Não senhora, mas posso aprender.
Dulce suspirou.
- Veja... aqui na Mansão estamos precisando de alguém realmente com experiência. Mas eu posso ajudá-lo com seu filho! Eu conheço um bom médico que...
- Não! - O homem interrompeu. - Quer dizer, eu já o levei para muito médicos e todos dizem a mesma coisa. O que eu preciso mesmo agora é de dinheiro, para comprar os remédios que o hospital receitou.
Dulce mordeu os lábios, pensativa.
- Bem... pode me esperar aqui?
- Claro, madame.
A ruiva levantou-se e subiu rapidamente até o quarto. Abriu sua maleta da viagem à Espanha, onde ainda tinha algum dinheiro que Maite tinha lhe emprestado. Pegou o dinheiro e desceu as escadas.
- Senhor, aqui eu tenho pouco dinheiro, mas creio que já poderá ajudar seu filho. - Dulce disse, fazendo o homem se levantar.
- Pouco dinheiro? Mas seu marido é o homem mais rico da cidade!
- Sim, mas se eu pedir com certeza ele não dará. Por isso eu trouxe do meu. - Dulce respondeu de cenho franzido.
- Bem, vai me ajudar com certeza. - O homem forçou um sorriso, pegando o dinheiro de Dulce. - Mas sabe... pensando bem, não gostaria de ir comigo conhecer meu filho? - Ele passou os olhos pela figura bela e curvilínea da ruiva, sem que ela notasse. - Talvez realmente possa nos ajudar e chamar o médico que conheça.
Dulce hesitou, mas em seguida sorriu.
- Sim claro. Pobrezinho do seu filho, espero que com ajuda ele melhore. - A ruiva pegou um casaco, vestiu-o e quando estava saindo Christopher entrou.
- Posso saber aonde vai, Dulce Maria? - Ele perguntou, com os olhos gelados fixos no homem ao lado da esposa.
- Olá, Christopher... este homem veio se candidatar para ser jardineiro, porque tem um filhinho doente. Eu vou ver a criança, quero ajudá-la. - Dulce respondeu.