Capitulo 25

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No dia seguinte ...

Dulce arrumou o chapéu na cabeça, enquanto os cachos vermelhos voavam por causa do vento, e bateu a pequena sineta que indicava sua presença ali.

Um dos criados da mansão a recebeu, e como sabia que se tratava de uma nobre amiga dos donos, a levou até a porta.

- Pode avisar a senhora Maite que eu estou aqui? - Dulce pediu com um sorriso educado.

O criado assentiu e se retirou.

Dulce suspirou e olhou ao redor, observando os quadros nas paredes.

- Dul? - Maite apareceu com um enorme sorriso, usando um vestido escuro que realçava a pele alva.

- Oi, Mai! - Dulce sorriu e a abraçou.

- Como está? Nunca mais nos vimos, senti sua falta...

- Nem me fale.

- Mas que bom que veio. Tenho algo muito sério para lhe falar. - Maite comunicou, fechando a expressão.

- O que é? - Dulce franziu o cenho delicado.

- Venha. - Maite puxou Dulce pela mão e foram até a sala de estar.Cautelosa, a morena olhou por fora e trancou a porta.

As duas sentaram no sofá.

- Fale logo, estou ficando nervosa.

- Ok. - Maite molhou os lábios com a língua. - Você lembra daquela confusão da Espanha, não? Que Christopher soube para onde você tinha ido e foi atrás de você...

- Como vou esquecer? Inclusive até hoje não sei como ele descobriu para onde eu tinha ido. - Dulce suspirou.

- Pois eu sei. - Maite a olhou com seriedade.

- Sabe? - A ruiva franziu a testa.

- Sim, descobri ontem. Foi Alan, Dulce.

- Alan? Seu marido? - Dulce engoliu.

- Sim! Nós discutimos muito, e agora ele não está em casa. Senão não deixaria eu falar com você.

- Mas como...?

- Ontem achei um bilhete de seu marido no escritório de Alan. - Maite agitou as mãos. - Um bilhete muito breve, agradecendo a informação dele sobre seu paradeiro. Na mesma hora eu fui tirar satisfações com Alan, e como não tinha como negar ele admitiu! Disse que escutava nossa conversa na porta do quarto aquele dia, ouviu sobre sua fuga e logo mandou um bilhete para Uckermann contando seus planos.

Dulce balançou a cabeça.

- E pensar que eu poderia ter recomeçado minha vida longe, se não fosse por Alan.

- Nem fale, cada vez o desprezo mais como marido e como pessoa. - Maite comentou com amargura. - Fui obrigada a casar com ele, assim como você. Se fosse por mim eu não teria casado nunca, sou muito independente.

- Mas, Mai... - Dulce apertou os olhos. - Alan não sabia que eu iria para a Espanha, porque nós só decidimos no Porto! Como então Christopher soube para onde eu iria?

- Isso é o mais fácil, Dulce. Seu marido deve ter checado cada registro recente das pessoas que haviam embarcado nos navios.

- E encontrou meu nome nos passageiros que haviam ido para a Espanha. - A ruiva completou com um suspiro.

- Sim... Mas enfim, estou muito aborrecida com Alan. Acho que isto foi o pior que ele fez, por mim eu iria embora agora mesmo.

- Se acalme, Mai. Deixe isso pra lá, já passou e agora não tem mais como voltar.

- Você é muito passiva e bondosa, Dul! Nunca reclama seus direitos, é raro quando exprime suas irritações, mas eu não sou assim! Não consigo ser desse jeito, quando descobri tudo isso ontem tive vontade de pular em cima de Alan! Ele não tinha que se intrometer nisso.

Dulce sorriu com a irritação da amiga.

- Sim, é verdade. Mas agora nem a sua raiva vai conseguir mudar as coisas.Além do mais... - Ela deu de ombros, pensativa. - Não sei, ultimamente as coisas estão mudando. Acho que se eu tivesse oportunidade, não iria querer ir embora agora.

Maite quase engasgou.

- C-Como?

- É isso mesmo. - Dulce franziu o cenho, com o olhar perdido e um leve sorriso. - Pode parecer estranho... mas meus sentimentos por Christopher estão mudando.

- Mas nas últimas vezes em que nos vimos você o desprezava e o odiava, Dulce. - Maite a observava com os olhos saltados.

- Sim. Mas não sei explicar... algo dentro de mim está mudando.

De repente Maite começou a rir, animada.

- Dul, você se apaixonou por ele?

A ruiva ergueu os olhos na mesma hora.

- O quê?

- É sim. - A morena soltou mais um risinho. - Você está falando diferente... e está falando como se estivesse apaixonada por ele.

- Não... - A ruiva franziu a testa de forma confusa. - Não, eu...

Maite se calou, esperando e a olhando com um sorrisinho.

- Não creio, Mai. - Dulce pigarreou. - Tudo bem que eu já não sinto ódio pelo Uckermann. Os sentimentos que eu sentia antes por ele mudaram. Mas não estou apaixonada, definitivamente. Ele é muito complicado.

- Pois eu até ficaria animada se você começasse a amá-lo, Dulce. - Mai deu de ombros. - Seu casamento poderia ser feliz, ao contrário do meu. E algo me diz que você é a única pessoa que tem o poder de mudá-lo.

- Como assim mudá-lo?

- Ora, Uckermann é muito cruel, frio, maldoso... E ele nunca mudará se continuar solitário como é. Se você se aproximasse dele, Dul, tenho certeza de que conseguiria transformá-lo! E se me permite dizer, faria um bem enorme à sociedade.

- Porquê?

- Há anos Uckermann é temido por todos dos arredores! - Maite explicou. - Ele tem poder, e com um estalo de dedos pode destruir lares e famílias. E ele já o fez muitas vezes... por isso, se ele mudasse e se transformasse em um homem diferente, todos viveriam mais tranqüilos.

- Sim, mas acho difícil que um homem como Christopher mude de água para vinho assim. - Dulce respondeu.

- Quem sabe? - Maite sorriu e balançou o ombro. - Dizem que há pessoas que aparecem em nossos caminhos para nos fazerem melhor, não? Vai ver você é o anjo que poderá salvar Uckermann de toda essa escuridão em que ele vive mergulhado.

Dulce olhou pela a janela, admirando os jardins. Deu um breve sorriso.

Amor DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora