- Eu já disse que não quero papai!
Uma moça ruiva, com longos cabelos cacheados como labaredas de fogo, olhos grandes e amendoados, corpo pequeno e esguio, estava apoiada na janela, encarando o horizonte.
Normalmente possuía a expressão muito meiga e doce, mas naquele momento tinha o cenho suavemente franzido e o rosto pálido.
- Dulce, não vou mais discutir isso com você! - O Sr. Saviñon gritou, com o rosto vermelho.
- Mas você armou tudo isso sem perguntar o que eu quero para a minha vida! - Dulce se virou para encarar o homem. - Eu sempre planejei casar por amor! Nunca quis casar de forma planejada, como minhas amigas, e ser infeliz pelo o resto dos dias!
- Você não vai ser infeliz, quando conhecer seu marido se apaixonará por ele. - O pai disse solene. - Não me venha com seus pensamentos revolucionários e querer ser moderna. Somos de uma família tradicional, e você terá um casamento tradicional! Você é prometida para o Uckermann quase desde o nascimento! Ele esperou esses vinte anos para tê-la como esposa, eu jamais poderia voltar atrás agora! Seria um absurdo, iriam desonrar minha palavra para sempre.
- Mas, papai... - Dulce sentiu vontade de chorar. - Eu não o conheço! Nunca vi Uckermann,
como posso casar com alguém que não amo, não confio, nunca vi na vida!- Cale-se, já basta! Não me importo com esses seus estúpidos sentimentos de menina! Cresça, e seja a mulher que Uckermann espera encontrar hoje à tarde, na cerimônia de noivado! - Dizendo isso com frieza, Sr. Saviñon virou de costas e saiu. Dulce sentiu as lágrimas de amargura pelo rosto.
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- Sorria! Ao invés de uma festa de noivado parece que você está num funeral! - Seu pai ralhou com Dulce, ao vê-la distante na festa de noivado.
Já era final de tarde, haviam chegado à alguns minutos, e todos cumprimentavam Dulce e
os pais com ardor.O noivo ainda não chegara, para leve surpresa de Dulce. Esperava ver o homem logo de cara, e ele ainda não estava ali. O que só aumentava a apreensão dela.
- Filha, mude essa cara. - Blanca, sua mãe, pediu discretamente. - Vão notar que você está muito séria na sua festa de noivado!
- Não me importa. Você e papai sabem que eu não queria estar aqui. - Dulce respondeu.
Ao olhar severo do pai, ela baixou os olhos para o copo de água que tomava.
- Uckermann vai ter que ter pulso firme com essa menina. - Sr. Saviñon comentou com a esposa, com desagrado. - Acho que a mimamos demais! Já não é mais uma garotinha, mas faz birra como se fosse.
- Não fale como se eu não estivesse aqui, por favor. - Dulce murmurou, com uma careta.
Fernando lhe lançou um olhar gelado, e virou o rosto. Dulce suspirou. Já estava acostumada
a ser tratada assim pelo pai, desde pequena. Ele sempre a tratara como se ela fosse um estorvo. Aquilo lhe magoava, mas tinha aprendido a conviver com aquele desprezo do pai.- Olhe, sua tia-avó está aqui! - Blanca cutucou Dulce de repente, puxando-a pelo braço.
Dulce gemeu. Detestava aquela tia. A mulher sempre que a via desembestava a fazer críticas. E seu pai muitas vezes concordava, para agrado da mulher. Muriel. Era da família de Fernando.
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