Uma semana se passou. Dulce e Chris sequer tinham mencionado o que houvera naquela noite, e embora dormissem no mesmo quarto todos os dias, era como se houvesse uma parede entre a cama. Dulce e Christopher dormiam afastados, e ele nunca mais tentara tocá-la novamente.
Mais calma com a possibilidade de que o marido fosse deixá-la em paz por mais algum tempo, Dulce andava mais tranqüila e menos nervosa;embora no fundo soubesse que uma hora Uckermann iria reivindicar seus direitos de marido, o que ainda não tinha feito desde a cerimônia de casamento.
- Madame. - Adelaide se aproximou, ansiosa.
Dulce levantou os olhos e sorriu para a criada. A ruiva estava sentada sobre uma toalha, na sombra da parte de trás do Borboletário. Ali era calmo e ninguém a perturbava.
- Olá.
- Senhora, ainda aqui? - Adelaide murmurou nervosamente. - O patrão está esperando-a para o almoço... e se me permite dizer, ele não está com um bom humor hoje.
- E quando ele está? - Dulce perguntou fazendo um biquinho de emburramento.
- Bem, é a segunda vez que ele me pede para levar a senhora para dentro. E se não vier logo, ele virá buscá-la.
Dulce deu de ombros, enquanto pegava na mão algumas flores coloridas que tinha pegado dentro do Borboletário (com ajuda de Adelaide, claro).
- Não tenho medo dele. Além disso, estou sem fome. Pode avisá-lo que não irei almoçar hoje?
- Mas, senhora...
- Vá, Adelaide.
A mulher saiu, mais ansiosa do que tinha chegado. Dulce respirou o ar refresco daquele dia, relaxada, enquanto apanhava mais algumas flores que estavam ao seu lado na toalha.
- Como é? - Christopher perguntou, sibilante como uma cobra.
- Ela não vai vir, senhor. Disse que está sem fome. - Adelaide repetiu, pigarreando.
- Não me interessa... - Ele estava claramente controlando a fúria. - Dulce vai comer comigo na mesa, nem que eu tenha que forçar a comida dentro da boca dela! - Ele disse com brutalidade.
- Senhor, por favor! - Adelaide pediu, chocada.
- Onde está? - O homem se levantou da mesa, como um tigre cutucado.
- Senhor, não vá causar uma briga por causa disto! A menina ainda é jovem demais, não está acostumada com...
- Que se dane! - Ele disse de maus modos. - Se ela ainda não sabe como uma esposa deve agir, eu vou ensiná-la...
- Mas...
- Adelaide, não é só porque me conhece desde pequeno que eu vou permitir que interfira em meu casamento. - Christopher disse duramente, e a mulher se calou. - Agora com licença.
Ele saiu feito uma rajada de vento, deixando para trás temor e uma angustiada Adelaide.
