Dulce despertou naquela manhã sentindo os lençóis frios. Apalpou o colchão com seus finos e pequenos dedos. Vazio.
Abriu os olhos, se dando conta de que estava sozinha na enorme cama.
Soltou um suspiro. Christopher andava estranhamente quieto e irritadiço há cerca de dez dias.
Não sabia o que se passava com o marido. Já perguntara várias vezes qual era o problema, mas ele estava distante. Não respondia coerentemente.
Mas não iria deixar aquela situação daquele jeito por mais dias. Descobriria o que estava acontecendo, por bem ou mal.
Após tomar banho e escolher um vestido lilás que arrastava no chão, Dulce desceu.
Viu a mesa do café posta na mesa, mas Christopher não estava lá. Decidida, entrou no escritório.
Ele estava ali, para seu alívio. Debruçado sobre a mesa, escrevendo e lendo alguns papéis. As íris dos olhos se movendo à cada palavra que lia, de modo sensualmente desconcertante.
- Amor. - Dulce murmurou, se aproximando por trás da cadeira dele e abraçando-o pelos ombros.
- Dulce, estou trabalhando. - Christopher grunhiu, se afastando de leve dela com puro mau-humor.
- Eu sei, mas você mal dorme há dias, e está preso nesta sala sem sair...
- Não estou preso, apenas cumprindo minhas obrigações.
- Mas você está cansado... - Dulce rebateu de cenho franzido, apertando os músculos tensos das costas do marido.
- Se estou cansado, é problema meu. - Ele rosnou, virando-se para ela. O rosto bonito ficou sombrio, com um vestígio obscuro, como quando era no passado. As sombras escuras debaixo dos olhos dele fizeram os olhos faiscarem perigosamente, e Dulce deu um passo para trás.
- Ok, você que sabe. - A ruiva ergueu o queixo e saiu do escritório.
- Deseja alguma coisa, madame? - Adelaide passou por ela com uma bandeja na mão.
- Não, obrigada Adelaide.
Dulce se dirigiu aos jardins da mansão. O gramado verde fez ela se sentir mais viva, enquanto caminhava numa pequena trilha de pedras.
Clark se esgueirou entre suas pernas de repente, brincalhão e enorme.
- Dulce. - Alguém a chamou. E ela sentiu-se arrepiar pela voz tão familiar.
Christopher veio correndo até ela, abraçando-a por trás e colando o corpo robusto no corpinho da ruiva.
Dulce olhou para ele, com uma pequena ruga na testa.
- Não... não faz essa carinha. - Ele mandou. A barba por fazer e as olheiras o deixavam selvagemente mais atraente e sensual, fazendo Dulce ofegar brevemente, até hoje desconcertada com a beleza daquele homem.
- Que cara quer que eu faça?
-Me desculpa, pequena. - Christopher esfregou a testa na bochecha dela, fazendo-a fraquejar. - Eu estou sendo um grosso nesses últimos dias, eu sei... Você é tão incrivelmente doce que eu sinto que a menor coisa pode te magoar... às vezes não consigo lidar com tanta fragilidade.
- Não sou frágil assim. - Dulce rebateu, mas era só olhá-la para ver o contrário.
Christopher sorriu, beijando a pequena ruga que ela fazia na testa, até esta desaparecer.
- Não, você é só a coisinha mais encantadora da minha vida. E eu sou uma besta.
Ele virou Dulce de frente e a levantou com os dois braços, deixando-a na mesma altura que ele.
