"Você é minha maior decepção, Dulce."
Aquilo martelava violentamente a cabeça da ruiva. Quando chegou na Mansão, Dulce desceu da carruagem sem ao menos prestar atenção onde estava.
Os olhos estavam marejados e sua expressão estava pálida, quase mórbida.
Precisava de um lugar tranqüilo, somente isso...
Entrou na mansão Uckermann, de cabeça baixa e rosto triste. Foi andando pelo jardim. Ia entrar na casa, mas mudou de idéia e foi atrás de algum lugar escondido e solitário no jardim.
Logo achou... um lugar escondido perto da Fonte da mansão. Sentou-se no chão, pouco se importando se ia sujar o vestido, e momentos depois não segurou mais o pranto que lhe assolava por dentro.
Todas as tristezas que lhe remoíam por dentro saíam através de lágrimas e soluços.
Estava com as pequenas pernas dobradas, e a cabeça enterrada entre os braços, toda encolhida, quando uma mão quente lhe tocou o ombro.
Dulce estava tão mal que sequer se deu ao trabalho de levantar o rosto para ver quem era. Adelaide, talvez...
- O que foi? - Ela ouviu uma voz grossa e hesitante perguntar.
Dulce se assustou e ergueu os olhos molhados para cima.
Christopher a observava, ainda com a mão em seu ombro. A ruiva soluçou, e percebendo que sua voz não saía, voltou a deitar o rosto nos braços.
Christopher sentou ao lado dela. Ele parecia meio incerto, Dulce nunca o vira daquele jeito.
- Que aconteceu, Dulce Maria? - Ele pressionou.
Ela escondeu o rosto nas pequenas mãos.
- N-Nada...
- Então pare com esse choro.
Ela não parou. Dava para notar que ela não conseguiria parar.
De repente, antes que Christopher pudesse reagir, Dulce se virou para ele e engatinhou até seu colo, sentando-se nas pernas dele e o abraçando como se pedisse consolo. Ela soluçou, escondendo o rosto no pescoço de Christopher.Ele piscou, incrédulo pela atitude da ruiva e sem saber como agir. Estava desnorteado. Ela estava procurando consolo e proteção... com ele? Logo com quem ela odiava?
- Quero ir e-embora, Christopher... - Ela soluçou, agarrando-se à ele como se fosse um salva-vidas. - M-Me leve d-daqui.
Ele apertou-a com força de repente, como que movido por um novo instinto.
- Deus, se acalme.
- N-Não...
- Vamos aonde quiser, até outro país se for de seu desejo, mas pare de chorar. Não suporto isso, meu anjo.
Dulce estava num pranto tão profundo, que nem se deu conta do que o marido havia chamado-a.
- Me conte o que você tem.Porquê está assim? - Christopher murmurou nervosamente, afastando-se um pouco para que pudesse pegar gentilmente no rosto de Dulce e fazê-la olhar para ele.
A ruiva soluçou, sem conseguir falar, as lágrimas escorrendo pelo rosto pequeno e delicado.
- É que... anh...
- Shhh... - Ele lhe beijou os cabelos, balançando-a em seu colo. - Calminha, estou aqui. Só me diga o que têm, por Deus... está assim por mim? - Ele perguntou, temeroso.