Kalissa Roux Soul's
Dias atuais
New Jersey— E como se sente sobre isso? — Maldita pergunta.
Maldita pergunta. Maldita psicóloga. Maldito lugar.
Desviei o olhar para o relógio na parede, observando o ponteiro dos segundos se movendo devagar, como se zombasse do tempo que eu ainda teria que passar aqui. Senti o peso das palavras que estavam prestes a sair, mas não conseguir decidir se valia a pena pronunciá-las. Talvez não valesse, talvez eu poderia ficar de boca fechada cuidando dos meus traumas sozinha.
— Eu... — Minha voz falhou, me impossibilitando de falar como se tivesse alfo amargo em minha garganta.
Bom eu acho que tem sim algo amargo. A porra dos sentimentos imundos que estou sentindo. Respirei fundo me recostando na cadeira, balançando meus pés para frente e para trás enquanto batucava meus dedos em meus joelhos. O olhar de Tanirez Walter, minha psicóloga, permanecia a todo momento em mim, esperando que eu me abrisse com ela. Que irônico.
Nos últimos três meses vivi o puro inferno, um inferno que eu já tinha vivido quando era criança. Passei por todo o abuso mais uma vez, meu corpo foi violado, mais uma vez. Minha mente entrando em um processo de cura, mais uma vez. Tudo de novo, da estaca zero, como se tudo que eu tivesse superado, não valeu de absolutamente nada.
PORRA COMO EU SÓ QUERO GRITAR.
Mas não da, não posso, não me permitir. Então em vez dos meus gritos serem externos, eles são internos. Os dias que passei no hospital foi como se eu estivesse trancafiada mais uma vez, a diferença é que eu não estava sofrendo, estavam me curando. Mas porque a sensação ainda parecia ser a mesma? Will não saiu do meu lado, agradeço por isso, me segurei nele como um bicho preguiça se segura em uma arvore. Me segurei tanto nele que coloquei em minha cabeça que se ele não estivesse comigo eu não conseguir enfrentar isso.
Kasper e Pietro foram me visitar, tanto no hospital quanto após a minha alta, isso foi bom, apesar de que... Merda. Apesar de que eles não se aproximaram de mim. Meu corpo reagiu negativamente com eles dois e eu pude ver o olhar de pena, de tristeza em seus olhos. Algo mórbido. Detestei a sensação. Após isso, eles ficaram mandando ursinhos de pelúcia com cartões de: saudades. Para mim, e foi somente isso.
Ainda tive que sentir o peso de perder um amigo. Aleks morreu e foi como se tivesse contribuindo para o vazio dentro de mim. Scarlett também não estava me atendendo, entretanto ela respondeu uma mensagem minha. Mandei apenas um 'eu te amo', após vinte mensagens não respondidas e ela mandou um dedinho, para ser mais exata, um positivo. Sentir a dor dela mesmo de longe.
Scar sempre foi uma mulher que lidou sozinha com seus problemas e sei que dentro do seu ser tem uma guerra sendo travada. Apenas não queria que ela passasse por isso sozinha. Mas como ajudar uma pessoa quando você está quebrada? A resposta é simples, não tem como ajudar. E se você tentar, é capaz de você quebrar a pessoa também.
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CALIPSO (Máscaras Imperfeitas #1)
RomanceAVISO: ESTE LIVRO É UM DARK ROMANCE TODA SEXTA AS 20:00 CAPÍTULO NOVO Em meio às ruas cinzentas de New Jersey, Kalissa, uma patinadora artística de gelo, é envolvida em um jogo perigoso de perseguição e obsessão. Durante uma noite em um Escape Ro...