10 - Garantias

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A menina estava fora de risco, mas a tensão no hospital ainda era grande

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A menina estava fora de risco, mas a tensão no hospital ainda era grande. Fraga andava de um lado para o outro, furioso, jurando que processaria todo mundo. Nem Eliza nem Helena escaparam das acusações que ele disparava em todas as direções.

Eu estava de braços cruzados, encostado na porta, observando a cena. Não ia me meter. Eu e Fraga já tínhamos um longo histórico de brigas, e se eu abrisse a boca, era certo que terminaríamos na delegacia.

Depois de deixar Rafaela em casa, trouxe Helena até aqui. Ela estava tentando acalmar o homem, mas era claro que a situação estava saindo do controle. As mãos dela estavam firmes na cintura, os ombros tensionados. A cabeça baixa, porém, sabia que ela estava prestes a explodir.

Respirei fundo, ainda indeciso se deveria interferir. Fraga continuava com seus gritos, e cada palavra parecia um passo a mais para o limite de Helena. Ela era forte, mas dava para ver que o pavio estava curto. Se ele continuasse, seria ela quem perderia o controle primeiro.

Fraga deu mais um passo em direção a Helena, o dedo apontado para o rosto dela enquanto disparava

— Isso aqui é culpa sua também! Não adianta ficar aí parada com essa cara de santa, porque a responsabilidade...

Antes que ele terminasse, Helena ergueu a cabeça devagar, os olhos faiscando de raiva.

— Chega! — Ela cortou, a voz firme, mas com um tom que denunciava o cansaço e a frustração acumulados. — A menina está fora de risco, Fraga. Você quer processar alguém? Fica à vontade, mas não vou ficar aqui ouvindo você culpar todo mundo enquanto a prioridade deveria ser ela!

O silêncio que se seguiu foi pesado, quase sufocante. Fraga abriu a boca para responder, mas pareceu hesitar. Talvez fosse o olhar de Helena, que não deixava espaço para discussão, ou talvez ele finalmente tivesse percebido que estava passando dos limites.

De onde eu estava, um sorriso quase escapou. Helena sabia se impor, e isso era algo que eu admirava nela.

Fraga resmungou algo ininteligível e saiu da sala, ainda bufando. Assim que ele desapareceu no corredor, Helena relaxou os ombros, como se tivesse descarregado um peso.

— Você lidou bem com ele — comentei, saindo do meu lugar na porta e me aproximando.

Ela me lançou um olhar cansado, mas com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

— Foi isso ou eu jogava uma cadeira na cabeça dele — respondeu, balançando a cabeça. — E você? Vai ficar aí só olhando enquanto o circo pega fogo?

— Alguém tinha que ter bom senso, não acha? — retruquei com um tom leve, mas o sorriso dela aumentou. — E ai o que vocês sabem sobre isso?

Nos viramos para olhar Maria Luíza, ainda entubada. Era surreal pensar que, há poucas horas, ela estava prestes a receber alta, aparentemente bem. Então, do nada, sofreu uma parada cardiorrespiratória.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora