08 - Ficar

1.7K 284 285
                                    

A intenção desse jantar era simples: pôr um fim no que quer que eu tenha começado com esse homem

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A intenção desse jantar era simples: pôr um fim no que quer que eu tenha começado com esse homem. Mas, como sempre, as coisas saíram do meu controle.

Por mais que minha mente gritasse para eu me levantar e fugir, meu corpo insistia em permanecer ali, imóvel, presa ao sorriso dele, ao som grave da sua risada. Eu estava rindo das bobagens que ele dizia, mesmo sabendo que deveria odiá-lo.

— Tá legal, você venceu. — Murmurei, levando o copo de suco aos lábios, tentando recuperar o pouco de controle que me restava.

— Eu sempre consigo o que quero. — Ele lambeu os lábios, e meu corpo respondeu antes que eu pudesse processar a provocação. Apenas assenti, incapaz de reagir como deveria. — Vou ao banheiro.

Nascimento se levantou, e eu fiquei ali, estática. O jantar estava surpreendentemente agradável, apesar das provocações constantes. Meu corpo parecia em chamas, cada segundo ao lado dele fazia meu coração acelerar e minhas coxas se apertarem quase involuntariamente. A umidade que eu sentia era uma confissão que não conseguia evitar.

Eu me sentia como uma adolescente com os hormônios à flor da pele, perdida e vulnerável. Sempre gostei de sexo, mas ele fazia algo em mim... algo que parecia dobrar essa necessidade, como se fosse uma febre. Desde aquele dia, aquele maldito dia em que ele apontou uma arma para a minha cabeça enquanto me fodia, nada mais foi igual.

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando colocar ordem na bagunça dentro de mim. Que merda eu estava fazendo?

Eu sabia como isso ia acabar. Sempre terminava do mesmo jeito: eu juntando os pedaços de mim mesma, tentando colar as partes que ele ou outro qualquer tinham quebrado. Foi assim com Caio, foi assim tantas outras vezes na minha vida.

Abri os olhos e o vi caminhando até o caixa, provavelmente para pagar a conta. Eu não esperei. Levantei e fui em direção à saída, o pavor e a confusão lutando para me dominar.

Eu estava fugindo como a covarde que sou.

Assim que atravessei a porta, os primeiros pingos de chuva caíram sobre mim, frios e insistentes. Acelerei o passo, quase correndo pela calçada molhada, como se pudesse deixar para trás tudo o que sentia.

Mas sabia que não era tão simples.

— Você sempre faz isso? Foge? — A voz dele ecoa quase como um grito na rua, carregada de frustração.

Eu paro, mas não me viro de imediato. A chuva escorre pelo meu rosto, misturando-se às lágrimas que nem percebi que estavam ali.

— Isso nunca vai dar certo. — Minha voz sai firme, mas baixa, enquanto finalmente me viro para encará-lo. — Somos...

— Muito parecidos. — Ele me interrompe, a convicção em suas palavras me desarmando. Ele dá de ombros, como se tentasse se proteger da intensidade do momento. — Se quiser ir... pode ir. Não vou atrás. Mas, se quiser ficar, podemos tentar... sei lá.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora