06 - Em comum

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Suspiro enquanto encaro a sala que foi nosso posto por quase dois meses

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Suspiro enquanto encaro a sala que foi nosso posto por quase dois meses. Por mais estranho que pareça, me acostumei à rotina intensa do BOPE. Meus olhos se fixam no quadro com os rostos dos suspeitos, sentindo o peso de um trabalho que ainda não chegou ao fim.

— Ainda aqui, Helena? — Eliza entra na sala, carregando uma caixa. Sua voz é gentil, mas cansada. Dou de ombros, tentando disfarçar minha frustração.

— Não consigo aceitar isso, Eliza. Não posso simplesmente abandonar dois anos de trabalho. — Passo as mãos pelo cabelo, como se isso pudesse aliviar o turbilhão na minha mente.

Ela suspira, solidária.

— Eu sei como você se sente... Mas, pelo menos, Maria Luiza está a salvo. Ela será liberada do hospital amanhã. — Eliza ajeita a caixa nos braços e caminha em direção à porta. — Vai descansar. Amanhã temos aquela entrevista.

Assinto com relutância, observando-a sair. A sala parece maior e mais vazia de repente. Respiro fundo e me levanto, caminhando até o quadro. Começo a retirar as fotos, uma por uma. Pego a foto de "Tubarão", encaro por um momento e a jogo na caixa. Continuo até chegar à de Flávia.

A imagem me faz parar. Ela sorri para a câmera, vestindo um delicado vestido rosa. Suas mãos repousam sobre a barriga de forma protetora, quase como...

Franzo o cenho. A pose é familiar, semelhante à de mulheres grávidas que, no início da gestação, inclinam o corpo levemente para acentuar a barriga. Meu instinto me alerta.

Rapidamente, caminho até minha mesa e abro a gaveta, pegando o diário de Flávia. Folheio as páginas freneticamente até chegar à última anotação. Ela descreve sua viagem ao Rio de Janeiro, onde encontraria seu agente. Não menciona o nome verdadeiro, mas há uma frase que chama minha atenção: "Finalmente vou poder... ver o futuro."

Fecho o diário, inquieta. Vou até a janela e olho para baixo. Vejo Eliza e Carlos terminando de carregar as últimas caixas no carro.

— Ei! Subam aqui, rápido! — grito, segurando as fotos de todas as meninas desaparecidas.

Eliza e Carlos aparecem pouco depois, preocupados. Entrego as imagens para eles enquanto explico.

— Olhem essas fotos. Compare as posturas. — Carlos observa com atenção.

— São as desaparecidas... — murmura, um tom grave em sua voz.

— Esta é Flávia, e esta é Joana. Percebem a semelhança? Olhem a postura delas. — Aponto para duas imagens específicas e as prendo de volta no quadro.

— Parece que estão grávidas. — Eliza estreita os olhos, franzindo o cenho.

— Não pode ser coincidência. Precisamos investigar isso. Se essas meninas estavam grávidas, talvez tenhamos acabado de encontrar a conexão que faltava.— Faço que sim com a cabeça, sentindo um frio na espinha.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora