Na caótica e perigosa cidade do Rio de Janeiro, dois mundos colidem quando uma investigadora da Polícia Federal Helena é designada para liderar uma força-tarefa ao lado do Capitão Roberto
Nascimento, do BOPE, para encontrar Maria Luiza Chagas, uma...
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Audiência de paternidade, Rio de Janeiro...
Caio estava ao meu lado, conversando com um advogado, enquanto eu observava Beto. Ele vestia um terno e esfregava as mãos nervosamente, tão tenso quanto eu. Rafaela estava sentada ao lado dele. Ela me deu um sorriso tímido, que retribuí.
— Como você está? — Caio perguntou, e eu me virei para ele.
— Só quero que essa palhaçada acabe — respondi, e ele assentiu.
Há duas noites, quando apertei o gatilho, a arma não disparou. Parecia uma piada de mau gosto de Deus comigo. Tenho essa arma há mais de cinco anos, e ela nunca, nunca havia travado. A única vez que tentei usá-la contra mim, simplesmente não funcionou. Era uma ironia cruel do destino.
Nascimento e eu passamos aquela noite discutindo sobre o futuro de Rafaela: o Natal, Ano Novo, Dia das Mães, todos os eventos que impactariam sua vida. Uma parte de mim não queria essa responsabilidade; eu não queria ser mãe, não mais.
Não queria enfrentar o risco de perder outra vez. Sabia que, se me apegasse a Rafaela como uma filha, toda despedida seria dolorosa.
Foi por causa dessas despedidas que liguei as trompas há dez anos. Nunca tive coragem de adotar ou ter outro filho. Não queria um substituto, nem viver com o medo constante de uma nova perda.
— Juiz Alberto Mariz — o oficial de justiça anunciou, e todos nos levantamos enquanto o juiz entrava na sala.
— Bom dia — ele cumprimentou. — Estamos aqui para decidir a paternidade e maternidade de Rafaela Nascimento... Gostaria de ouvir as duas partes, Doutor Caio.
— Meritíssimo, recebi uma denúncia que questiona a paternidade da menor, insinuando que eu e minha esposa...
— Ex-esposa — eu o corrigi, e ele assentiu.
— Minha ex-esposa e eu seríamos os pais biológicos da menina Rafaela — Caio disse, então se sentou, e vi a advogada de Nascimento se levantar.
— Tenho aqui uma cópia da carta que originou esse questionamento — ela apresentou.
O juiz pegou o documento e começou a ler. Ele suspirou várias vezes, como se estivesse digerindo cada palavra.
— Doutor Caio, devo dizer que é quase insano eu ter aceitado esse caso — ele comentou. — Entendo que você e Helena têm um passado conturbado, mas isso aqui... é surpreendente. Tem noção da loucura que está fazendo? E do papelão que será caso a menina não seja filha de vocês?
— Eu não teria solicitado essa audiência se não tivesse certeza da paternidade, Meritíssimo — Caio afirmou.
— Doutora Franco, gostaria de fazer alguma declaração? — o juiz perguntou, e eu apenas balancei a cabeça, indicando que não.