Capítulo 8

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Sonhos e Realidade

A noite envolvia a mansão em um silêncio profundo, mas o mundo de Lauren era agitado. Em seu sonho, ela caminhava por um campo de flores coloridas, de mãos dadas com Alexa. O sol brilhava, iluminando o cenário idílico, e as risadas de Clarice e Helena ecoavam ao redor, um som de pura alegria. Elas estavam juntas, como sempre deveriam estar, compartilhando momentos de felicidade. A visão da família reunida aquecia seu coração, e o cheiro doce das flores misturava-se ao aroma fresco do ar, fazendo tudo parecer perfeito.

Porém, como uma onda quebrando na praia, a realidade a puxou de volta. Lauren acordou de repente, sentindo um frio na espinha e o coração acelerado. O sonho feliz se desfez como neblina sob a luz do sol, e a verdade a atingiu com força: Alexa não estava mais lá. A solidão a envolveu como um manto pesado. Suando frio, ela se levantou da cama, seus pensamentos confusos e tristes. Com um impulso, caminhou até o quarto das meninas.

Ao abrir a porta, a escuridão acolheu-a. Clarice e Helena estavam profundamente adormecidas, a tranquilidade de seus rostos um contraste doloroso com a tempestade de emoções que se formava dentro dela. Lauren se aproximou, sentindo o peso da culpa e da dor em seu coração. A luz da noite filtrava-se através das cortinas, criando um ambiente etéreo e sonhador.

"Estou tentando ser uma boa mãe," ela sussurrou, a voz embargada pela emoção. "Estou tentando amá-las como vocês merecem." Mas as gêmeas não ouviram, não acordaram para a confissão de sua mãe. Elas estavam tão distantes quanto Alexa, e Lauren sentiu um vazio profundo, uma lacuna entre suas intenções e a realidade. Uma parte dela queria sacudir as meninas, fazê-las sentir a dor que ela carregava, mas outra parte sabia que isso não era justo.

Com um último olhar, Lauren saiu do quarto, a sensação de impotência a acompanhando. Ela caminhou pelo corredor em direção à cozinha, sua mente ainda ocupada com a imagem do sonho. O café se preparava automaticamente, um ritual que sempre a acalmava. Enquanto esperava, seus pensamentos se voltaram para os dias que passaram, lembranças da vida antes da tragédia. Os momentos simples, como o cheiro do café pela manhã, a alegria de ver as meninas acordando, tudo parecia um sonho distante.

Finalmente, o aroma do café fresco a trouxe de volta ao presente. Ela preparou uma xícara e se sentou à mesa, olhando pela janela. O sol começava a nascer, suas luzes douradas iluminando a mansão, e Lauren sentiu uma leve esperança. A vida continuava, mesmo que ela estivesse perdida. Ela precisava ser forte, não só por si mesma, mas por Clarice e Helena.

Quando o relógio apitou, avisando que era hora de se arrumar, Lauren vestiu-se com seu terninho feminino preto, feito sob medida, que realçava suas curvas de maneira sutil, com um leve decote que refletia sua força e feminilidade. A cada passo que dava em seus scarpins, ela sentia a determinação crescendo dentro dela.

Na sala de reuniões, ela encontrou fornecedores esperando por sua chegada, os olhares atentos e respeitosos dos homens à sua volta. O ar estava carregado de expectativas, e Lauren sabia que precisava dar o melhor de si. Respirou fundo, deixando de lado a dor da noite anterior. O trabalho era seu refúgio, e ela estava determinada a mostrar que era capaz de conduzir a empresa, mesmo em meio ao caos emocional.

A reunião começou com discussões sobre novos projetos e propostas. A mesa estava cheia de amostras e apresentações, e Lauren se viu mergulhando na conversa. A cada argumento que apresentava, a cada ideia que defendia, sentia-se mais confiante. Sua voz firme e autoritária reverberava na sala, enquanto delineava suas expectativas e metas.

No entanto, a cada momento de sucesso que experimentava, uma sombra a seguia. O peso de ser mãe, de lidar com a perda de Alexa, e ao mesmo tempo manter a fachada da poderosa empresária que a máfia exigia dela tornava-se cada vez mais desafiador. Os olhares dos fornecedores a avaliavam, e ela sentiu uma pressão crescente sobre os ombros. Era um constante lembrete de que, enquanto ela lidava com suas próprias inseguranças, precisava manter a aparência de controle.

Após horas de reuniões e discussões acaloradas, Lauren sentiu-se exausta, mas satisfeita com o que havia alcançado. No entanto, quando o último fornecedor deixou a sala, a realidade a atingiu novamente. A solidão que havia tentado ignorar voltava com força, como um eco de um passado que se recusava a desaparecer.

Voltando para casa, a mansão parecia mais vazia do que nunca. O silêncio a envolvia, e cada passo ressoava no hall de entrada como um lembrete do que havia perdido. Ao entrar no quarto das meninas, onde as gêmeas ainda dormiam, um impulso a levou a sentar-se na beira da cama. Elas estavam tão tranquilas, tão inocentes, e Lauren desejou poder protegê-las da dor que ela mesma estava vivendo.

"Eu preciso fazer melhor," pensou. "Preciso ser a mãe que vocês merecem." E, enquanto observava as gêmeas dormindo, uma nova determinação cresceu dentro dela. Ela não poderia mudar o passado, mas ainda tinha a oportunidade de moldar o futuro. Com esse pensamento em mente, Lauren decidiu que, a partir daquele momento, ela se dedicaria a dar às meninas o amor e a atenção que mereciam, mesmo que isso significasse enfrentar seus próprios demônios.

Naquela noite, enquanto se preparava para dormir, Lauren fez uma promessa a si mesma. Ela iria se permitir sentir a dor, mas não deixaria que isso a definisse. Ao invés disso, usaria a memória de Alexa como motivação para ser a mãe que sempre quis ser. Com essa determinação, Lauren se aconchegou sob as cobertas, fechou os olhos e, em vez de sonhar com o que havia perdido, decidiu sonhar com o que ainda podia construir.

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