Capítulo 16

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Pov Camila

Camila sentou-se no canto da cama, com Bento ainda em seus braços, sua mente girando enquanto tentava processar tudo o que havia acabado de ouvir. O peso da revelação de Lauren continuava a pressioná-la, mas uma decisão se formava lentamente em seu coração. Ela sabia que não tinha forças para lidar com Shaw sozinha. Olhando para o rosto inocente de seu filho, ela sentiu uma pontada de culpa, mas também uma necessidade de proteção que falava mais alto.

— Lauren — chamou ela, a voz baixa, quase temerosa.

Lauren, já à porta, parou e virou-se, esperando.

— Eu... — Camila hesitou, antes de continuar com mais firmeza. — Eu não quero saber o que vai fazer com Shaw. Apenas... faça o que for necessário, mas não me conte. Eu não posso carregar isso também.

Os olhos de Lauren não revelaram surpresa, mas havia algo ali que parecia mais suave, quase solidário. Ela assentiu uma única vez.

— Entendido.

Sem mais palavras, Lauren deixou o quarto, fechando a porta suavemente atrás de si. Camila afundou na cama, exausta, o corpo tenso com a decisão que acabara de tomar. Ela sabia que agora tudo estava nas mãos de Lauren. E, de algum jeito, isso lhe trouxe alívio.

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Na manhã seguinte, Lauren estava em seu escritório, revisando os últimos detalhes de uma viagem urgente. Uma de suas cargas havia sido apreendida novamente, a terceira em um mês, e ela sabia que isso não era coincidência. Havia alguém tentando interferir em seus negócios, e ela tinha suspeitas claras de quem poderia ser. A cidade vizinha sempre foi palco de operações delicadas, e o responsável por aquela área, Ivan, não era de confiança.

— Max — chamou ela, sem tirar os olhos dos documentos à sua frente.

Max, um de seus homens mais leais, entrou rapidamente na sala, já acostumado com o tom autoritário de Lauren.

— Prepare o jato. Vamos sair em duas horas. E certifique-se de que todos os preparativos de segurança para a casa foram feitos antes de partirmos. Não quero nenhuma falha enquanto estiver fora.

— Sim, senhora. — Max saiu rapidamente, sem fazer perguntas, sabendo que o assunto era delicado demais para discussões.

Lauren fechou a pasta de documentos e olhou pela janela de seu escritório, os pensamentos voltando brevemente para a conversa da noite anterior. Ela sabia que deixar Camila e as crianças sob os cuidados dos empregados era o melhor que poderia fazer no momento, mas ainda assim, um incômodo residia em sua mente. Precisava resolver a situação com Shaw e acabar de vez com o perigo que ele representava. Mas isso teria que esperar.

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Enquanto Lauren se preparava para partir, Camila optou por não ir ao trabalho. Sentia-se emocionalmente exausta, e sabia que as meninas e Bento precisavam de um pouco de normalidade, ainda que fosse apenas dentro da segurança da mansão. Decidiu também que as crianças não iriam para a escola naquele dia. Precisavam de um tempo juntos, longe das complicações do mundo exterior.

No início da manhã, Bento ainda estava um pouco assustado, seus olhinhos atentos a qualquer barulho. Ele se mantinha próximo de Camila, segurando sua mão com força. No entanto, conforme as horas passavam, as gêmeas Clarice e Helena começaram a puxá-lo gentilmente para suas brincadeiras, chamando-o para se juntar a elas.

— Vem, Bento! — chamou Clarice, com um sorriso encorajador, balançando um brinquedo colorido na sua frente. Helena, que estava montando um quebra-cabeça, acenou para ele se aproximar.

Bento olhou para Camila, que lhe deu um sorriso tranquilizador. Lentamente, ele soltou a mão dela e caminhou até as meninas, ainda com um pouco de hesitação. Porém, assim que começou a brincar com os blocos coloridos que Clarice segurava, o riso infantil voltou a encher o quarto, e a tensão que pairava no ar começou a se dissipar.

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