•Capítulo 3: Suspeitas

6 3 0
                                    

De volta à delegacia, Johnny entrou apressado, segurando um dossiê com algumas evidências.

— Harry, encontrei algo. Pode ser uma pista crucial — disse Johnny, com a habitual frieza.

Enquanto isso, Laura e Carlos estavam em casa, discutindo sobre o que poderia ter levado a tamanha brutalidade contra seus pais.

— Quem poderia ter feito isso? — Laura murmurou, sua voz trêmula. — Por que nossos pais?

— Não sei, Laura. Mas você precisa serforte, por você e por Ana — Carlos tentou tranquilizá-la.

Ana, em sua casa, lutava para se levantar. Sabia que precisava se arrumar para o velório. Cada movimento parecia um esforço colossal, como se a gravidade tivesse aumentado sobre seus ombros. O motorista de Laura a esperava do lado de fora, e ela finalmente saiu, com o coração pesado.

Quando as irmãs se encontraram no velório, se abraçaram com força, compartilhando uma dor que apenas elas poderiam entender. Johnny estava lá, ao lado de Harry, observando com uma promessa silenciosa: ele encontraria o responsável.

—Nós vamos pegar quem fez isso — Harry sussurrou, com a voz cheia de determinação. — Prometo.

O clima no velório estava pesado, denso com a tristeza e a dor de todos ali presentes. Carlos olhava para Laura, preocupado. Ele conhecia sua esposa o suficiente para saber que, apesar de manter uma fachada forte, algo estava se quebrando por dentro.
Os caixões de seus pais começarem a descer. Foi o momento final, o último adeus, e ali as duas irmãs desabaram.

— Laura, Ana... — Carlos murmurou, estendendo a mão para ambas, tentando consolá-las.

— É a última vez que veremos eles, Carlos... — Laura sussurrou, quase inaudível, com os olhos marejados. — Eles se foram para sempre...

Ana, sem conseguir pronunciar uma palavra, apenas chorava ao lado de sua irmã, as lágrimas caindo livremente, misturando-se com a chuva fina que começava a cair.
Quando o serviço terminou, Carlos, sempre o cuidadoso cunhado, virou-se para Ana.

— Ana, por favor, venha para casa com a gente. Não acho que você deva ficar sozinha agora.

Mas Ana, ainda inconformada, balançou a cabeça.

— Eu preciso... ficar aqui um pouco mais, Carlos. Eu... eu não consigo ir agora.

Carlos suspirou, entendendo a dor dela, mas ainda assim preocupado. Ele e Laura se abraçaram, e depois despediram-se de Ana, deixando-a ali, sozinha.
O Capitão Harry, que precisava voltar à delegacia, se aproximou de Ana antes de sair.

— Ana, sinto muito por ter que ir... ainda temos muito trabalho a fazer. Mas eu juro que vou descobrir quem fez isso.

Ana assentiu em silêncio, seus olhos vidrados no vazio enquanto as pessoas começavam a ir embora, deixando o cemitério quase deserto. Mas ela insistia em permanecer ali, como se não pudesse soltar o último fio de conexão com seus pais.

Johnny, que observava à distância, sentiu algo diferente naquele momento.Ele era um homem frio, calculista, acostumado a lidar com o lado mais sombrio da humanidade, mas vendo Ana tão fragilizada, algo o tocou.

— Ana... — disse ele, quebrando o silêncio. — Não deveria ficar aqui sozinha. Posso te dar uma carona para casa.

Ela olhou para ele com os olhos pesados de dor e simplesmente assentiu. O caminho até a casa de Ana foi silencioso, e Johnny, mesmo desconfortável com aquela situação emocional, entregou um cartão a ela.

— Se precisar de algo... — disse ele, sem jeito. — Me ligue. Eu vou encontrar fez isso. Estou dando o meu melhor.

Ana olhou para o cartão em suas mãos e sorriu levemente, embora seus olhos ainda estivessem cheios de tristeza. Ela então fez algo inesperado: o abraçou com força. Johnny ficou rígido, não acostumado a esse tipo de gesto. Ele era bruto, frio, mas naquele momento, algo nele suavizou, mesmo que por um breve instante.

— Obrigada, Johnny — sussurrou Ana.

Ele a levou até a porta de casa, observando-a entrar antes de voltar para o carro. Mas o trabalho ainda não havia terminado para ele. Johnny foi direto para um bar, tentando encontrar um fio solto no emaranhado de pistas. Pediu um whisky sem gelo e observou o ambiente ao seu redor.observou o ambiente ao seu redor. Logo, ele ouviu dois homens comentando algo que chamou sua atenção.

— Assassinato brutal, hein? — um deles disse, baixando a voz. — Aquela família perdeu tudo.

Johnny, experiente em lidar com esse tipo de situação, se aproximou sem pressa, pedindo dois whiskys para os homens.

— E aí, do que vocês estavam falando? — perguntou casualmente.

Os dois homens se entreolharam, desconfiados. Um deles deu uma risada nervosa.

— Ah, só boatos... a gente não sabe de nada.

Mas Johnny notou que o outro homem, o mais calado, parecia saber mais do que estava disposto a dizer. Seu desconforto era evidente, e Johnny conhecia aquele olhar: ele estava escondendo algo.

Saindo do bar, Johnny discretamente tirou uma foto do homem mais nervoso e enviou para um velho amigo, um policial aposentado.

— Preciso que você fique de olho nesse cara. Parece que ele sabe de algo.

Do outro lado da linha, o amigo sorriu.

— Claro, Johnny. Faz tempo que eu não me meto em confusão... hora de voltar à ativa.

Johnny sorriu de volta, satisfeito com o progresso, antes de voltar para casa. O dia tinha sido longo e pesado, mas ele sabia que estava cada vez mais perto da verdade.

Cruzando DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora