Capítulo 13: Corações Partidos

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Johnny Donovan entrou no carro, o motor ronronando enquanto ele apertava o volante com força. Respirou fundo, tentando acalmar os pensamentos que o bombardeavam. A tensão entre ele e Ana não saía de sua cabeça. Estava ali, pulsando, no ritmo de cada batida do seu coração. O hotel em que estava hospedado na cidade parecia um refúgio, mas agora, o quarto pequeno e solitário só aumentava a confusão que ele sentia.

"—Não era o momento certo", ele repetia para si mesmo. Mas quando seria?

Sua carreira sempre foi prioridade. Ele se orgulhava do trabalho como detetive. O ritmo frenético, as noites sem dormir, a adrenalina de resolver casos complexos — tudo isso o definia. Era o que sabia fazer melhor. Mas Ana... Ela tinha entrado em sua vida como um furacão, mexendo com suas certezas, seu autocontrole. "Droga", murmurou. Ele se lembrava de cada toque, cada olhar compartilhado na noite em que os dois se renderam um ao outro.

Sentado na cadeira do hotel, Johnny abriu a garrafa de whisky e encheu o copo. Sem gelo, sem misturas. Ele queria sentir a bebida queimando sua garganta, na esperança de que aquilo o distraísse da realidade. Ligou o rádio, deixando uma música qualquer preencher o silêncio do quarto, mas cada nota parecia ecoar a melancolia que sentia.

Ele estava dividido. O pedido de Capitão Harry para que ficasse na cidade pesava em sua mente. Ficar significava desacelerar, sair de sua zona de conforto, encarar seus sentimentos por Ana. Voltar para sua antiga vida, por outro lado, significava ignorar tudo e mergulhar de volta no profissionalismo que sempre o manteve seguro. Mas será que isso ainda bastava? Ele sabia que sua conexão com Ana era mais do que um caso passageiro. Ele queria protegê-la, estar ao seu lado... Mas a que custo?

Enquanto Johnny lutava com seus próprios demônios, Ana estava em casa, perdida em seus próprios pensamentos. Ela também respirou fundo, olhando pela janela da sala, tentando fazer sentido do que sentia. Será que Johnny era diferente? Ele não podia ser como os outros homens que desapareceram da sua vida. Ele a ajudou  tanto, investigando o assassinatos de seus pais, dando-lhe um fio de esperança em meio ao caos.

Mas agora, ele estava distante. E isso a machucava mais do que gostaria de admitir. Ela entrou no quarto, onde a memória daquela noite a atingiu com força. Cada detalhe daquela noite de amor estava cravado em sua mente. O toque dele, a maneira como ele a olhava... Ela suspirou, balançando a cabeça. "Se ele quer assim, que seja", pensou, tentando parecer indiferente, mas o coração acelerado traía suas verdadeiras emoções. Estava cedo demais para saber exatamente o que sentiam um pelo outro, mas era impossível negar que havia algo ali.

Frustrada, Ana foi até a cozinha e abriu uma garrafa de vinho. O álcool parecia ser a única maneira de preencher o vazio que sentia naquele momento. Bebeu rápido, sem pensar, querendo apenas que a sensação de falta passasse. Mas o vinho a atingiu rápido demais. Sua cabeça começou a girar, e antes que percebesse, bateu na garrafa, derrubando-a no chão. O som de vidro quebrando ecoou pela cozinha.

— Droga! Droga, droga, droga!" gritou, furiosa consigo mesma. Ao tentar pegar os cacos, um deles cortou sua mão. "Merda", sussurrou, sentindo a dor aguda atravessá-la. O sangue começou a escorrer, manchando o chão. Ana correu para o banheiro, lavando as mãos na pia, mas o sangue continuava a fluir, implacável. Desesperada, ela enrolou a mão em um pedaço de pano, apertando com força para estancar o sangue.

Sentia-se patética. Lá estava ela, sozinha, machucada, física e emocionalmente. Varreu os cacos de vidro, amontoando-os em um canto, com lágrimas que ameaçavam cair. Tudo parecia um caos, desde sua casa até seus sentimentos.

Finalmente, jogou-se no sofá, sentindo uma dor latejante na mão e uma ainda maior no coração. Fechou os olhos, exausta, e em meio ao turbilhão de pensamentos, adormeceu, desejando que o sono a afastasse de toda aquela confusão.

Naquela mesma noite, Johnny encarava o teto do hotel, o copo de whisky vazio na mão. Ele sabia que teria que tomar uma decisão. De uma forma ou de outra, sua vida estava prestes a mudar, e ele não podia mais fugir disso.

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