Cruzando Destinos

•Capítulo 24 - Verdades Despedaçadas

Laura e Ana estavam na sala, ainda em choque. A dor era palpável, mas Laura, com sua determinação característica, respirou fundo, enxugou as lágrimas e puxou Johnny para um canto da sala.

—Johnny, ela começou, com a voz quebrada mas determinada. —Eu preciso que você me conte tudo. Quero saber toda a verdade. Não me esconda nada.

Johnny hesitou por um instante, observando o rosto de Laura marcado pela dor e pela força. Ele a puxou para um abraço apertado, dando-lhe um momento de conforto. Então, respirou fundo e olhou nos olhos dela.
—Laura, você tem o direito de saber. Carlos… ele tem outra família. Outra casa, outra vida… Ele tem filhos, uma mulher… você nunca foi a única.

As palavras saíram como um golpe, fazendo Laura cambalear, como se estivesse sendo dilacerada por dentro. —Outra… família? ela sussurrou, incapaz de acreditar. —Ele estava com a gente enquanto vivia uma mentira com outra mulher?

Johnny confirmou com um aceno silencioso, segurando as lágrimas que também lhe vinham aos olhos. —Sinto muito, Laura. Eu queria poder te poupar disso, mas… você precisava saber.

Johnny confirmou com um aceno silencioso, segurando as lágrimas que também lhe vinham aos olhos. —Sinto muito, Laura. Eu queria poder te poupar disso, mas… você precisava saber.

Laura deixou escapar um suspiro longo e doloroso. As palavras dela pareciam afundar no ar pesado da sala. —Obrigada, Johnny… eu precisava da verdade, mesmo que ela me destruísse.

Eles se despediram, e Johnny seguiu para a delegacia para o interrogatório de Carlos. Mas Laura, mesmo desmoronada, já sabia o que precisava fazer. Ela olhou para Ana, que se mantinha ao lado dela, e disse com firmeza: "Ana, eu vou até a casa dessa mulher. Preciso vê-la… saber quem ela é.

Ana tentou convencê-la. —Laura, você está no limite, sua cabeça está quente… espera um pouco, vamos pensar com calma.

Mas a determinação nos olhos de Laura era inabalável. —Não, Ana. Eu preciso ir agora. Ela foi tão enganada quanto nós… e preciso saber quem ela é.

Relutante, Ana finalmente aceitou. —Então eu vou com você", disse, sem soltar a mão da irmã.

A viagem até a outra cidade durou algumas horas Ana estava dirigindo dentro daquele carro  parecia um tormento silencioso. Laura e Ana não disseram uma palavra sequer, apenas contemplavam o peso das revelações que se sucediam como ondas, uma após a outra. Quando chegaram ao endereço, Laura viu uma casa bonita e acolhedora, com um jardim bem cuidado. Do portão, viu duas crianças brincando na entrada, ambas com feições que lhe eram dolorosamente familiares – elas tinham o rosto do Carlos.
Laura precisou respirar fundo para manter o controle. A dor dilacerante era quase insuportável, mas ela se manteve firme. As duas irmãs saíram do carro e se aproximaram do portão. Uma das crianças, curiosa, chamou por alguém da casa. "Mamãe! Tem uma moça aqui!"

Pouco depois, uma mulher apareceu na porta. Elegante e com um olhar de apreensão, Karen deu alguns passos em direção a elas. Laura observou cada detalhe daquela mulher – ela era a pessoa por quem Carlos mentiu, enganou e manipulou. Mas Karen não sabia da existência de Laura, e isso estava claro no rosto confuso dela.

Karen, desconfiada, as cumprimentou: —Posso ajudar vocês?

Laura respirou fundo e finalmente falou, com a voz embargada: —Meu nome é Laura. Eu… sou esposa do Carlos.

Karen congelou, surpresa e confusa. —Esposa? Como assim? Carlos nunca… nunca mencionou você.

Laura sentiu o coração partir ainda mais, mas continuou, mantendo a voz firme: —Eu sei que você não sabia… Ele nunca me falou de você também. Nós duas fomos enganadas por ele. Ele… ele mentiu para nós duas.

As palavras pairaram no ar por um momento longo e doloroso. Karen levou a mão à boca, horrorizada. —Não… isso não pode ser verdade. Carlos… ele é meu marido, temos filhos juntos… Eu… eu nunca imaginei…

Uma lágrima desceu pelo rosto de Laura. Ela olhou para as crianças, que brincavam despreocupadas, e sentiu um misto de pena e dor. —Você tem duas crianças lindas, disse ela, sentindo a voz falhar. —E eu… eu jamais quis fazer mal a vocês. Também fui uma vítima dessa mentira.

Karen começou a chorar, a verdade se instalando em seu coração como uma faca afiada. —Eu não sabia, Laura… me perdoa, eu não fazia ideia.

Laura se aproximou, e as duas mulheres, unidas pela dor e pela traição, se abraçaram com um laço de empatia que nenhuma das duas imaginava possível. Elas choraram juntas, dividindo o peso daquela devastação que Carlos havia causado.

Após um momento, Laura se recompôs e tirou o telefone do bolso. —Karen, eu não posso desfazer o que ele fez com a gente, mas… posso ajudar a consertar o que ele destruiu. Você e seus filhos não merecem sofrer mais por causa das mentiras dele.

Ela ligou para um advogado, que atendeu prontamente. —Quero que você transfira todos os bens que Carlos possui para Karen e seus filhos. Ela e as crianças merecem ter uma vida digna.

Karen a olhou, surpresa e comovida. —Laura, você não precisa fazer isso… eu…

Laura segurou a mão dela, com firmeza. —Eu preciso fazer isso, Karen. Porque assim como você, fui enganada e deixada com o coração em pedaços. Mas eu quero que você e essas crianças não carreguem mais o peso das mentiras dele.

Karen, em lágrimas, segurou a mão de Laura com gratidão e carinho. —Obrigada… eu jamais vou esquecer isso.

As duas mulheres, traídas e destruídas pelo mesmo homem, encontraram na dor uma conexão genuína. Cada uma delas carregaria o trauma de ter sido enganada, mas naquele abraço, perceberam que poderiam encontrar uma forma de seguir em frente, sem deixar que o passado as definisse.

Laura, com o coração ainda despedaçado, deu um último olhar para Karen e as crianças. —Cuide bem deles, Karen. Eles merecem todo o amor do mundo.

E, com um último suspiro, Laura e Ana se afastaram, deixando para trás uma dor que agora compartilhavam com quem também foi enganada. As lágrimas continuavam caindo, mas um novo capítulo começava para elas – um capítulo de empatia, de cura e, talvez um dia, de esperança.