•Capítulo: 37 De volta ao passado

3 3 0
                                    


A madrugada começava a dar lugar a um tímido amanhecer quando Johnny e Ana chegaram à delegacia. O silêncio no prédio refletia o cansaço dos últimos eventos, mas ambos sabiam que aquela era apenas uma breve pausa. A adrenalina do resgate no armazém ainda estava presente, mas, para Johnny, isso era mais do que apenas um trabalho bem-feito; ele havia visto Ana no limite do desespero e temia o que poderia ter acontecido.

Na cafeteria da delegacia, os dois tomaram café em silêncio, tentando processar a experiência vivida. Johnny notou que Ana ainda tremia, seus olhos revelando um misto de exaustão e alívio. Ele quebrou o silêncio.

— Eu só quero ter certeza de que você está bem, Ana. Eu... achei que te perderia esta noite.

Ela lhe lançou um olhar cansado, mas agradecido.

— Obrigada, Johnny. Se você não tivesse chegado a tempo... — Ela pausou, respirando fundo. — Felipe sempre foi uma pessoa complicada, mas nunca imaginei que o veria nesse estado, tão... consumido.

Johnny tomou um gole de café e ponderou suas próximas palavras. Ele sabia que, para entender completamente a situação, precisaria explorar o passado de Ana e Laura com mais profundidade.

— Preciso saber o que realmente aconteceu entre você, Carlos e Felipe — ele disse, com a voz calma, mas firme. — Isso é maior do que parecia no início. Felipe não agiu por impulso; ele foi movido por uma vingança alimentada por algo que eu ainda não compreendo.

Ana baixou os olhos para a xícara de café, como se estivesse revirando memórias dolorosas.

— Felipe e Carlos... eles eram praticamente irmãos. Quando Felipe foi preso, ele jurou que Carlos o traiu. Eu tentei mediar, mas a relação deles já estava destruída. Na época, Laura e eu nos afastamos dos dois para evitar problemas. Só que Felipe nunca aceitou o que aconteceu. Ele culpou Carlos por tudo.

Johnny ficou em silêncio, absorvendo as informações. Ele sabia que essas relações pessoais complexas eram, muitas vezes, a raiz de grandes tragédias. Mas agora ele precisava entender como Felipe havia sido capaz de retornar com tamanha sede de vingança.

— E tem mais, Johnny — Ana continuou, sua voz mais baixa. — Felipe sempre teve uma fascinação doentia por Laura. Ele acreditava que ela deveria ter ficado ao seu lado, e não com Carlos. Isso o feriu profundamente.

Nesse momento, um oficial bateu à porta da cafeteria, interrompendo a conversa.

— Detetive Johnny, você recebeu uma mensagem anônima. Disseram que tem algo a ver com o caso.

Johnny pegou o bilhete e leu as palavras curtas, escritas com uma caligrafia apressada: *"Felipe não agiu sozinho. Há mais pessoas ligadas ao passado delas, dispostas a continuar o que ele começou."*

Um frio percorreu a espinha de Johnny. O pesadelo ainda não havia terminado. Ele guardou o bilhete e se voltou para Ana, tentando manter a calma, mas com a preocupação evidente em seu olhar.

— Ana, você e Laura precisam ficar seguras. Não sabemos quem mais pode estar envolvido, mas parece que há mais gente pronta para seguir os passos de Felipe.

Ana assentiu, o medo em seu rosto crescendo a cada momento. Johnny sentiu uma responsabilidade ainda maior sobre seus ombros. Sabia que precisaria de toda sua habilidade como detetive para proteger as pessoas que mais importavam para ele e, ao mesmo tempo, desvendar o passado sombrio que estava voltando para assombrá-los.

Ele decidiu ir até Laura naquela manhã. Precisava entender completamente o que os unia a esse passado com Felipe e Carlos, e se havia mais alguém com motivos para agir. Johnny sabia que estava mexendo com segredos enterrados há muito tempo, mas agora a verdade era sua única esperança de garantir a segurança de todos.

Enquanto caminhava pelo corredor da delegacia, refletiu sobre a intensidade dos sentimentos e das alianças que se formavam naquelas relações. E, em meio a tudo isso, sua determinação aumentava: não permitiria que o ciclo de vingança recomeçasse.

Cruzando DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora