•Capítulo 10 - Entre o Dever e o Desejo

9 4 0
                                    

Johnny entrou no carro e, enquanto dirigia em direção à delegacia, sua mente vagava para a noite anterior com Ana. Cada toque, cada respiração, cada movimento dela reverberava em sua memória como se ainda estivesse vivendo aquele momento. Ele nunca havia experimentado algo tão intenso, tão real. Não era apenas o ato em si - era a conexão, a maneira como seus corpos e almas se fundiram, algo que ele jamais havia sentido com ninguém antes
Só de ficar lembrando em Ana os seus membros ficavam eretos ele ficava completamente excitado.
Chegando à delegacia, Harry já o aguardava. Quando Johnny entrou na sala, percebeu que o capitão tinha algo a dizer, e pelo olhar de Harry, sabia que ele havia percebido tudo. Harry estendeu um café expresso forte para Johnny e o convidou a se sentar.

- Johnny, eu sei o que está passando na sua cabeça, - disse Harry com um sorriso paternal. A investigação terminou, e agora é natural você querer voltar para sua cidade e seguir sua vida. Quero te agradecer pelo excelente trabalho. Você provou ser o grande profissional que eu sempre soube que era.

Johnny, ainda imerso em seus pensamentos, sorveu um gole do café, atento às palavras do capitão. Harry continuou:

- Mas eu tenho uma proposta pra você. Sei que logo mais deveria te deixar ir, mas quero que considere ficar aqui na cidade. Não há muitos crimes por aqui, é verdade, mas seria bom ter alguém da sua competência por perto. E, claro... você poderia se aproximar de Ana.

Johnny deu uma leve risada, tentando disfarçar o constrangimento. Mas Harry, como um pai que já conhecia bem a vida, foi direto ao ponto.

- Eu já estive no seu lugar, Johnny. Quando era mais jovem, conheci uma garota incrível. Eu amava meu trabalho e fazia de tudo para ser o melhor. Mas, no fim, ela queria algo diferente... queria uma família. Eu, com a carreira agitada, não conseguiria dar isso a ela. A deixei ir. E, sabe, todos os dias eu penso no que poderia ter sido.

Harry fez uma pausa, os olhos refletindo uma melancolia distante.

- Hoje, ela tem sua vida, filhos, um bom marido. Mas a falta dela ainda me persegue. Se eu pudesse voltar no tempo, Johnny, eu teria trabalhado menos e vivido mais ao lado dela. Então, meu conselho, como um velho amigo: faça a escolha certa. Não viva com a culpa que eu carrego.

Johnny, que até então mantinha sua postura fria e calculista, foi profundamente tocado pelas palavras do capitão. Ele tomou o resto do café num gole, riu suavemente e deu um abraço em Harry.

- Obrigado, capitão. Eu vou pensar no que você disse.

Harry sorriu, sentindo-se aliviado por compartilhar seu fardo e por, talvez, ter ajudado Johnny a não cometer o mesmo erro.

- Vai lá para casa da Ana," disse Harry. "Pense na proposta e me dê uma resposta amanhã.

Enquanto Johnny saía da delegacia, seu coração estava dividido. Ele sabia que não queria criar expectativas, mas a ideia de ficar por perto de Ana o enchia de uma alegria silenciosa. Contudo, ele ainda era um homem habituado ao controle, às regras, e agora estava diante de algo que não sabia como lidar - o sentimento profundo e incontrolável que tinha por Ana.
Seu celular tocou de repente, quebrando seus pensamentos. Era Laura.

- Johnny, obrigada por tudo. Não tenho palavras para expressar o quanto sou grata por você ter arriscado sua vida para pegar o assassino dos nossos pais. Em nome dessa gratidão, faço questão de que você venha jantar com a gente esta noite.
Johnny hesitou. Não queria se apegar mais àquela família, temendo que, se algo desse errado entre ele e Ana, isso causaria mais dor do que ele poderia suportar. Mas, sem saber o porquê, acabou aceitando o convite.

- Ok, Laura. Eu vou.

Quando ele chegou na casa de Ana, entrou devagar, cuidadoso para não acordá-la. Ana ainda estava dormindo profundamente, com uma expressão serena, algo que ele não via há semanas. Ele a observou por um instante, o coração batendo mais forte ao vê-la em paz.

Johnny se aproximou da cama e, sem resistir, acariciou os cabelos de Ana. Cada toque era uma mistura de carinho e desejo, mas também de medo.Ele sabia que, se se permitisse amar Ana de verdade, sua vida mudaria para sempre. Mas ele também sabia que o dever o chamava, e essa era uma luta constante dentro dele.

Enquanto ele se preparava para sair, seu olhar encontrou novamente o rosto sereno de Ana, e ele se permitiu, por um breve momento, imaginar como seria uma vida ao lado dela, longe do caos e da violência que sua carreira lhe trazia.Mas, por enquanto, ele precisava manter o foco.

Cruzando DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora