Cruzando Destinos

•Capítulo 7 - O Confronto

Ana sentia o coração um pouco mais calmo com Johnny por perto, mas sabia que a tranquilidade era temporária. O perigo parecia espreitar a cada esquina, cada sombra. Sentada no sofá, ela tentava processar tudo o que estava acontecendo, quando seu celular vibrou. Era Laura.

– Ana, está tudo bem? Pelo amor de Deus, me fala o que está acontecendo! A voz de Laura era aflita do outro lado da linha.

Ana respirou fundo, segurando as lágrimas que insistiam em se formar. – Tem algo errado, Laura. Alguém estava rondando a minha casa... Eu me sinto observada o tempo todo.

– Ana, você precisa sair daí! Vem para a minha casa agora! Aqui você vai estar segura.

Ana hesitou. Sabia que a casa de Laura seria um refúgio, mas também sabia que estar ali a esmagaria com as memórias dos pais. Cada canto da casa trazia lembranças deles, e a dor ainda era muito recente.

– Eu não posso, Laura... Não consigo voltar para lá. É onde nossos pais moravam... Só de pensar nisso, me sinto sufocada. Não sei se aguentaria. A voz de Ana era suave, quase um pedido de desculpas.

Do outro lado da linha, Laura suspirou, compreendendo a dor da irmã.

– Tudo bem, eu entendo.Ela fez uma pausa, o som de sua respiração pesada atravessando o silêncio antes de continuar. — Deixa eu falar com Johnny, por favor.

Ana olhou para Johnny, que estava em pé, atento a cada ruído, como um guardião vigilante. Ela passou o telefone para ele sem dizer uma palavra. Johnny levou o celular ao ouvido, ouvindo a voz serena, mas preocupada, de Laura.

– Detetive Johnny... eu sei que você é muito profissional, e confio em você mais do que em qualquer outra pessoa para proteger minha irmã. Por favor, fique com ela esta noite. Sei que ela está em boas mãos com você.

Johnny sentiu um nó na garganta. Ele não podia recusar. Não com Ana ali, olhando para ele como se ele fosse sua última esperança. – Eu... Claro, Laura. Fico com ela esta noite. Pode ficar tranquila.

Mas Johnny sabia que havia algo maior em jogo. Precisava pegar o responsável por tudo isso. Ele chamou Harry para um canto da sala e, com um tom sério, mas confiante, disse:

– Harry, preciso que você fique com Ana aqui até eu voltar. Não posso deixar ela sozinha, mas eu tenho que ir atrás do suspeito. Tem algo grande acontecendo e a pista está quente demais para eu ignorar.

Harry, que conhecia Ana desde que ela era uma menina, assentiu firmemente. – Vai, Johnny. Cuido dela. Se algo acontecer, você vai ser o primeiro a saber.

Johnny se aproximou de Ana uma última vez antes de sair. Ele a abraçou com força, sentindo o corpo dela estremecer levemente. – Eu já volto. Confie em mim, Ana. Suas palavras eram suaves, mas carregadas de uma intensidade que ele mal podia controlar.

Ana o segurou por um segundo a mais, como se o abraço fosse uma âncora em meio ao caos ao redor. – Eu confio em você, Johnny.

Com um último olhar para ela, Johnny saiu, o som de seu coração batendo forte nos ouvidos. Precisava focar no caso, mesmo que parte de sua mente ainda estivesse com Ana.

Enquanto dirigia pela cidade, o telefone de Johnny tocou. Ele atendeu sem hesitar.

– Johnny, aqui é a Vanessa, do laboratório. Eu acho que encontramos o suspeito. Encontramos digitais em uma corrente deixada na cena do crime. O nome dele é Ricardo Mello.

Johnny apertou o volante com mais força. Finalmente, uma pista sólida. – Envie todas as informações que tiver para o meu celular. Estou indo atrás dele agora.

O nome "Ricardo Mello" ecoava em sua mente enquanto ele se dirigia à localização fornecida. O homem que tirou a vida dos pais de Ana e Laura estava ao seu alcance, e Johnny faria o que fosse necessário para capturá-lo.

Ao chegar à casa de Ricardo, Johnny saiu do carro, cauteloso. O lugar estava escuro, mas a porta da frente estava entreaberta. Algo estava errado. Ele sacou a arma e entrou silenciosamente, o ambiente estava tenso, como se o ar estivesse carregado de eletricidade.

De repente, o som de um objeto caindo fez Johnny girar o corpo para trás. Ricardo estava lá, parado, os olhos frios como gelo. Sem dizer uma palavra, ele puxou uma arma e começou a atirar. Johnny se jogou para o lado, os tiros zunindo perto de seu corpo, enquanto ele respondia com disparos precisos.
A casa foi tomada por sons de tiros e passos rápidos. Johnny se moveu habilmente pelos cômodos, procurando cobertura. Mas Ricardo era ágil, conhecia bem o terreno, e a batalha se intensificou. Em um momento de descuido, Ricardo saltou sobre Johnny, e os dois começaram uma luta corporal feroz. Socos e chutes voaram de ambos os lados, e Johnny sentiu a dor intensa de um golpe no lado do rosto, mas ele revidou, acertando Ricardo com um soco forte no estômago.

O confronto foi brutal. Johnny estava cansado, mas sua determinação era mais forte. Ele sabia que, se falhasse, Ana e Laura nunca teriam paz. Usando a última gota de energia, Johnny conseguiu imobilizar Ricardo no chão e, com um último golpe, tirou a arma das mãos do suspeito.

– "Acabou, Ricardo. Você está preso." A voz de Johnny era rouca, entrecortada pela respiração ofegante.

Ele conseguiu chamar o reforço pelo rádio, e em questão de minutos, as sirenes estavam lá fora. O som familiar trazia um alívio, mas Johnny estava ferido.
Hematomas espalhados pelo corpo, e um corte na sobrancelha pingava sangue. Mesmo assim, ele conseguiu algemar Ricardo, finalmente colocando um fim à caçada.

Johnny respirou fundo, tentando acalmar a adrenalina. Com as mãos tremendo, pegou o celular e ligou para Laura.

– Laura... Sua voz era grave e firme. Peguei ele.

Do outro lado da linha, Laura não disse nada. O silêncio pesava. E então, Johnny ouviu um soluço. O celular de Laura caiu no chão, e Johnny soube que ela estava chorando. Chorando de alívio, de dor, de tudo o que havia acumulado.
Ele desligou o telefone, exausto, mas com a sensação de que havia dado um passo importante para trazer justiça àquela família. Agora, ele voltaria para Ana, sabendo que poderia olhar nos olhos dela e dizer: "Está feito."