•Capítulo 32: A Sombra da Desconfiança

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A noite avançava, e o clima dentro da casa de Ana era denso. Johnny e Ana estavam sentados no sofá, as luzes baixas criavam um ambiente íntimo, mas a atmosfera estava longe de ser leve. A tensão da situação os envolvia, como uma névoa espessa que dificultava a respiração.

-Ana, preciso saber se você viu ou ouviu algo suspeito nos últimos dias", Johnny começou, sua voz firme, mas com um leve tremor. Ele olhou nos olhos dela, buscando respostas, mas também tentando transmitir segurança.

Ana hesitou, sua mente repleta de imagens do que poderia ter acontecido. -Nada de específico, Johnny. Mas desde que tudo isso começou, sinto que estou sendo observada. É como se houvesse uma sombra seguindo meus passos." Sua voz era quase um sussurro, repleta de medo e insegurança.

Johnny mordeu o lábio, a frustração crescendo dentro dele. -Isso não pode acontecer, Ana. Eu não posso perder você também. Você é importante demais para mim." Ele se inclinou para frente, segurando as mãos dela com firmeza. -Se precisar, posso aumentar a segurança, colocar mais homens aqui.

Ana balançou a cabeça, um sorriso triste se formando em seus lábios. -Eu não quero que você se preocupe comigo. Sei que você tem um trabalho a fazer e muitas outras vidas para proteger. Não quero ser um fardo." Ela sentiu uma onda de culpa invadir seu coração, um peso que parecia esmagá-la.

-Você nunca será um fardo, Ana", Johnny respondeu, seus olhos intensos fixos nos dela.
-Eu escolhi estar aqui. Você merece proteção, e não vou deixar que você enfrente isso sozinha." Sua determinação era palpável, mas, no fundo, ele também lutava contra o medo. O medo de não ser capaz de protegê-la.

Ana respirou fundo, as palavras de Johnny lhe proporcionando um certo alívio. -Obrigada, Johnny. Eu só... só quero que tudo isso acabe. Não aguento mais viver com essa incerteza.

Ele percebeu a fragilidade na voz dela e se aproximou mais, envolvendo-a em seus braços. O calor do corpo dele a envolveu, e Ana se permitiu relaxar por um momento. -Vamos superar isso. Eu prometo que encontrarei esse assassino. Você não tem que viver com medo. A suavidade de suas palavras ecoou no coração de Ana, aquecendo sua alma, mas a dúvida ainda persistia.

Enquanto a noite se desenrolava, Johnny recebeu uma mensagem de Harry, pedindo para que se encontrassem na delegacia. Ele olhou para Ana, uma expressão de preocupação em seu rosto. -Preciso ir. É sobre o caso. Se acontecer algo, ligue para mim, tá bom?

Ela assentiu, embora uma sensação de solidão a invadisse novamente. -Claro. Cuide-se." Johnny se levantou, hesitante, e Ana o puxou de volta, segurando seu braço.

-Johnny, por favor, seja cuidadoso. Não quero que você se machuque. Eu não aguentaria.

Ele sorriu suavemente, mas havia uma sombra de dúvida em seu olhar. -Eu vou ficar bem. Só confie em mim." Com um último olhar intenso, ele saiu, deixando Ana sozinha em casa.

Assim que a porta se fechou, a solidão tomou conta da sala. Ana caminhou até a janela, olhando para a rua deserta. As sombras pareciam mais longas agora, e a sensação de estar sendo observada voltou com força total. Um arrepio percorreu sua espinha, e ela se virou, sentindo que algo não estava certo.

Na delegacia, Johnny estava cercado por evidências, a tensão na sala era palpável.

-Temos novos relatos de testemunhas sobre o sedan. Parece que o carro foi visto perto do local do crime na noite do assassinato da última vítima", Harry disse, sua expressão grave.

-Precisamos descobrir quem está por trás disso", Johnny respondeu, determinado. Mas sua mente ainda estava em Ana, se perguntando se ela estava bem.

-E quanto ao Carlos?" Harry perguntou, cruzando os braços. -Ele ainda pode ter alguma ligação com tudo isso."

Johnny fez uma pausa, refletindo. -Carlos está preso. Ele não pode ser o mandante desse novo assassinato. Mas o que se ele tivesse aliados? Precisamos descobrir se alguém ainda está atuando por trás das cortinas."

A conversa se desenrolava em um misto de estratégia e emoção. Johnny estava cada vez mais convencido de que a rede de crimes ia além do que poderiam imaginar. Havia um novo jogador no tabuleiro, alguém que estava pronto para causar mais dor.

Enquanto isso, Ana se permitiu se perder em pensamentos. O que realmente havia acontecido com seus pais? E quem estava por trás da nova onda de assassinatos? As perguntas dançavam em sua mente, deixando um rastro de angústia.

Com a tensão aumentando a cada dia, Ana decidiu que precisava fazer algo. Em um impulso, ela pegou seu telefone e ligou para Laura. -Oi, eu preciso de você. Não sei o que fazer...", começou, a voz embargada.

-Oi, Ana. O que está acontecendo?" Laura perguntou, a preocupação evidente.

-Estou com medo. A situação na cidade só piora e Johnny não pode ficar aqui comigo. Preciso de sua ajuda." Ana sentia a urgência nas palavras, e a respiração de Laura do outro lado da linha parecia ecoar sua própria ansiedade.

-Calma, eu vou voltar. Estarei aí em algumas horas. Fique forte, nós vamos passar por isso juntas", Laura respondeu, e a promessa de apoio trouxe um pouco de consolo para Ana.

-Obrigada, Laura. Estou contando com você." Ana desligou, sentindo uma mistura de medo e esperança. O caminho pela frente seria difícil, mas ela não estava mais sozinha.

E enquanto a noite se tornava mais sombria, o jogo de gato e rato entre a vida e a morte continuava, envolto em mistérios e segredos, deixando todos os envolvidos na linha tênue entre a esperança e a desgraça.

Cruzando DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora