Cruzando Destinos

• Capítulo 36: O Fio da Meada

A madrugada se estendia silenciosa e tensa na delegacia. Johnny estava cercado por evidências, papéis e fotos, todos indicando um único caminho. O mistério do assassinato esquartejado ainda pairava no ar, mas uma nova compreensão começava a emergir em sua mente. Ele havia revisado cada detalhe, cada pista, cada fragmento de informação, e agora parecia estar se aproximando da verdade.

Após horas de investigação, Johnny decidiu fazer uma pausa. Ele se levantou, alongou os músculos cansados e foi até a cafeteria da delegacia, onde o aroma do café fresco o revigorou. Enquanto esperava, seus olhos recaíram sobre um dos quadros de avisos, onde uma foto de um antigo amigo de Carlos estava pendurada. Ele se lembrou de ter visto o nome dele nos registros de antecedentes criminais. Um nome que, agora, parecia mais do que familiar: Felipe Serrano.

-Felipe... Por que não pensei nisso antes?" Johnny sussurrou para si mesmo, lembrando-se de como Felipe havia sido próximo a Carlos antes de ser preso por crimes relacionados a gangues. Era a peça que faltava.

Ele retornou rapidamente ao seu escritório, pegou o telefone e ligou para a unidade de inteligência. -Preciso de informações sobre Felipe Serrano. Verifique se ele tem um paradeiro atual ou se foi solto recentemente."

Com o olhar fixo nas evidências, Johnny começou a elaborar uma teoria. Se Felipe estava por trás dos recentes assassinatos, isso poderia explicar a palavra "vingança" deixada na cena do crime. Felipe tinha um motivo. Carlos o havia traído, e agora, se havia uma possibilidade de retaliação, Laura e Ana poderiam estar em grande perigo.

A resposta da unidade de inteligência chegou rapidamente. -Johnny, Felipe Serrano foi solto há um mês. Ele não possui um emprego registrado e tem estado em contato com algumas figuras do submundo. Ele está por perto, e parece ter um alvo em mente."

Johnny não hesitou. -Precisamos localizá-lo. Entre em contato com as patrulhas e envie uma unidade para a última conhecida dele. Diga a eles para terem cuidado; esse homem pode ser perigoso."

Enquanto esperava a movimentação da equipe, Johnny olhou para o quadro de evidências mais uma vez. Algo na foto da vítima o incomodava. Ele se aproximou e examinou o rosto do homem. Havia um brilho familiar nos olhos, uma expressão que despertava lembranças.

Então, de repente, a conexão ocorreu. O homem não era apenas uma vítima aleatória; ele era um amigo do passado de Laura e Ana, alguém que tinha se afastado do grupo após as tragédias que cercaram suas vidas. E agora, seu assassinato poderia estar ligado a essa antiga amizade, uma conexão que Felipe não poderia esquecer.

O telefone tocou, quebrando seu foco. Era uma atualização da unidade de campo. -Johnny, encontramos Felipe. Ele está em um armazém abandonado na parte sul da cidade. Estamos a caminho, mas você precisa vir rápido. Parece que ele está em companhia de alguém, e a situação está ficando tensa.

Johnny pegou sua jaqueta e se dirigiu para o estacionamento. Ele sabia que precisava agir rapidamente. Enquanto dirigia, sua mente fervilhava com a ideia de que, se conseguisse chegar a Felipe antes que ele fizesse outra vítima, poderia evitar que o ciclo de vingança se intensificasse.

Ao chegar ao armazém, a cena era desoladora. As luzes da polícia piscavam, e o local estava cercado. Johnny se aproximou do chefe da operação. -Qual é a situação?"

-Estamos tentando obter mais informações. Recebemos um chamado sobre gritos vindos de dentro. Suspeitamos que ele tenha sequestrado alguém, mas não temos certeza de quem."

Johnny sentiu um frio na barriga. -Devemos agir agora. Se ele estiver com Laura ou Ana, não podemos perder tempo.

Seguindo seu instinto, Johnny fez um sinal para a equipe e, armados, entraram no armazém. A escuridão era quase palpável, com sombras projetadas pelas lanternas. O som de vozes e murmúrios se intensificou conforme se aproximavam do coração do local.

Então, Johnny ouviu um grito familiar e correu na direção do som. Ele encontrou Felipe, com uma arma em punho, encarando uma mulher amarrada a uma cadeira - era Ana.

-Não se aproxime! Felipe gritou, sua voz cheia de raiva e desespero. -Ela precisa entender que a culpa dela não pode ser ignorada!

-Felipe, escute! Isso não é a solução! Johnny respondeu, tentando manter a calma. -Vamos conversar. Você não precisa fazer isso!

Mas Felipe estava além da razão. -Ela e Carlos destruíram minha vida. Agora, vou fazer com que ela sinta o que eu senti!

Em um movimento rápido, Johnny se posicionou, buscando uma abertura. Ele notou que a arma de Felipe estava tremendo, e a tensão estava à beira de um colapso. -Felipe! Pense em sua família, pense em suas escolhas. Você pode mudar isso!

Nesse momento, Ana, percebendo a chance, interveio. -Felipe! Você não é esse homem! Não deixe que a dor o consuma. Isso não vai trazer nada de bom!

O tempo pareceu parar. As palavras de Ana penetraram na mente de Felipe. O homem hesitou, seus olhos cheios de confusão e dor. Johnny, aproveitando o momento, se aproximou lentamente. -Estamos aqui para ajudá-lo. Deixe-nos mostrar que há um caminho diferente."

Com um último suspiro de incerteza, Felipe deixou a arma cair. A tensão se dissipou, e a equipe rapidamente dominou a situação, prendendo Felipe sem resistência. A cena se transformou de um possível massacre em um resgate bem-sucedido.

Após a captura, Johnny se aproximou de Ana, que estava trêmula, mas ilesa. -Você está bem?" ele perguntou, preocupado.

-Sim, mas... foi muito assustador. Obrigada por me encontrar, Johnny", Ana disse, com lágrimas nos olhos.

-Estamos juntos nisso. Ninguém mais vai se machucar", ele prometeu, sentindo uma onda de alívio ao ver que todos estavam a salvo.

Enquanto a equipe conduzia Felipe para fora do armazém, Johnny olhou para Ana e, em um momento silencioso, eles entenderam que o verdadeiro perigo havia passado, mas os ecos do passado ainda precisavam ser confrontados.

No entanto, eles sabiam que, juntos, poderiam enfrentar qualquer tempestade que viesse.