O que ele quis dizer com "ela já sabia"? Eles já tinham se conhecido no passado? Mas se ela tivesse conhecido Ishakan, ela não poderia tê-lo esquecido. Leah olhou silenciosamente para o homem diante dela.Ele tinha feições marcantes. Iluminado pelo luar, aquele rosto era superior a qualquer rosto que ela já tinha visto, mesmo entre os kurkans. Ela nunca esqueceria aquele rosto, mesmo que quisesse.
Mas Ishakan não parecia disposto a discutir o assunto mais a fundo. Ele a levantou nos braços e mudou de assunto.
“Chega dessa conversa chata”, ele disse, assumindo uma expressão travessa. “Há coisas para fazer, Leah. Eu tenho que te beijar, e há coisas que você precisa comer.”
“……”
Leah queria falar, mas nenhuma palavra surgiu. Ishakan sorriu com a reação dela.
“Uma tenda foi montada para nós, então dormiremos lá esta noite, fora da cidade.”
Ela não se importava onde dormia, contanto que fosse com ele. Ao seu aceno, Ishakan caminhou em direção a outra tenda. Enquanto a carregava até lá, ele murmurou algo que ela não entendeu.
“…O palácio real estará um pouco barulhento hoje.”
***
Sob o luar fraco, Genin respirava lentamente. Um calor ardente percorreu todo o seu corpo e seus olhos brilharam, assustadores.
Carne e sangue estavam espalhados e salpicados por todo lugar. Em meio à carnificina, apenas cabeças desencarnadas eram identificáveis no chão. Os puristas Kurkans, seguidores do rei morto, tinham chegado a um fim miserável. As expressões medonhas em seus rostos eram prova do tormento de suas mortes.
Por horas, Genin olhou para os corpos mutilados, cobertos de sangue. Quando soube que essas pessoas que ela acreditava estarem mortas ainda estavam vivas, ela não pôde deixar de ficar feliz. Feliz por ainda haver uma chance de infligir essa dor a elas. Mas agora que tinha acabado, Genin não estava feliz.
Enquanto ela estava sentada, perdida em pensamentos, um aroma familiar e fresco passou por ela. Ela olhou para cima.
“…Ishakan,” ela disse, com a voz embargada.
Ele ficou de pé com seu longo cachimbo nas mãos e exalou uma baforada de fumaça. Seus olhos dourados olhavam calmamente para Genin e o massacre que ela havia cometido.
Embora o lugar cheirasse a sangue, ele caminhou em sua direção e acendeu um charuto fino, entregando-o a Genin. A mão dela tremeu quando ela o pegou.
Depois de algumas tragadas, o tumulto de emoções e o brilho predatório em seus olhos desapareceram. Genin fechou os olhos com força.
“……”
Lágrimas escorriam de seus olhos, manchando o sangue seco em seu rosto, e logo começaram a cair no chão.
Eles mataram aqueles que cortaram as pernas do marido diante dos seus olhos. Mas embora ela os tivesse matado da forma mais dolorosa possível, Genin ainda se arrependia. Não importa o que ela fizesse, isso não mudaria o passado.
“Eu prometi protegê-lo… Eu não pude,” ela soluçou. “Mesmo que eu tenha vingança, nada mais será como costumava ser…”
O charuto caiu no chão e ela enxugou as lágrimas com as costas da mão.
“Eu não deveria ter... colocado ele em perigo desde o começo...” Os dentes de Genin cerraram enquanto ela forçava as palavras a saírem entre soluços. “Você não teria sido tão tola. Você teria protegido seu parceiro não importa o que acontecesse. Eu fui tão estúpida...”
“Bem, eu não sei.” Ishakan exalou uma longa baforada de fumaça. “Eu não sou um deus.”
"Mas…"
“Se algo assim acontecesse comigo, eu me sentiria como você.” Genin o ouviu com os olhos marejados. “É por isso que eu faço tudo que posso,” ele disse firmemente. “Você fez tudo que podia, Genin.”
Com essas palavras, ela sentiu como se algo que estava alojado pesadamente em seu coração tivesse desaparecido. Genin mordeu o lábio inferior e se ajoelhou no chão ensanguentado.
“Obrigado por me dar esta oportunidade.”
Realmente, Genin não deveria ter recebido essa tarefa, dado o risco de que suas emoções pudessem levar a melhor sobre ela. Já que esses Kurkans estavam invadindo o palácio real, eles tinham que ser tratados decisivamente. Mas Ishakan havia lhe dado essa oportunidade, para que ela finalmente pudesse se vingar. Só havia uma maneira de Genin pagar essa gentileza.
“Servirei Lady Leah com todo meu coração.”
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Predatory marriage novel (PT BR🇧🇷)
RomanceA princesa Leah escreveu uma nota de suicídio antes de seu casamento, pois tinha certeza de que morreria depois da noite de núpcias. Seria o fim miserável de uma princesa que dedicou sua vida ao país e à família real. Mas antes de desistir de sua vi...