Capítulo 9

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Dulce María

— Por Deus, Dul. Me diga que você está brincando comigo.

É a primeira frase que sai da boca de Maite após me ouvir contar tudo o que aconteceu nas últimas horas.

Depois de voltar para o hotel e telefonar para Scott, dizendo que aceitava esse acordo maluco, precisava desabafar com alguém. E ela é literalmente a única pessoa que tenho como minha nesse mundo. Além do mais, em algumas horas essa notícia sairá ao ar.

Scott me mandou uma mensagem dizendo que ele e Christopher foram até a joalheria comprar o meu solitário para que eu já esteja o usando quando formos falar com a... imprensa.

Um arrepio involuntário percorre meu corpo quando percebo que, pela primeira vez em seis anos trabalhando com essa banda, irei aparecer publicamente.

E noiva.

Noiva de Christopher Alexander, ainda por cima.

Nunca fui muito fã de estar em público desse jeito. Quer dizer, se fosse para ficar famosa, desejaria ser por mérito próprio com muitas artes e pinturas, e não porque me envolvi em um escândalo com um astro do rock sem noção.

Agora, serei conhecida por ser sua mulher. Argh.

Ao menos, os poucos contatos que tenho são restritos a pessoas que passaram pela minha vida casualmente, sem intenção de ficar – com exceção de Maite, é caro. Ninguém do meu círculo íntimo ficará muito chocado ao me ver sendo oficialmente uma figura pública.

Minha ficha começa a cair.

Em algumas horas, serei famosa.

Poderia dizer conhecida, mas sei que a partir do momento em que assumir para o mundo que estou noiva de Christopher Alexander, serei a próxima celebridade internacional. Dulce María deixará de ser assistente administrativa da banda Furia Azteca para ser a futura esposa do vocalista arrogante. Não era por isso que eu gostaria de ser conhecida, mas fazer o quê. São os ossos do ofício, não é mesmo?

— Como eu gostaria que isso fosse uma brincadeira, Mai. — Bufo, me jogando na cama macia do hotel. — Mas eu não posso mais ser hipócrita nesse momento, sabe Scott me ofereceu um contrato cheio de cláusulas e com muitos benefícios. Talvez, se eu for vista e mostrar minha arte para o mundo, posso conquistar algum reconhecimento.

— Mas você vai estar noiva do maior babaca do século! — contrapõe do outro lado da linha. — E do cara que você mais odeia nesse mundo!

— Eu sei.

— Isso é um absurdo, Dul. Tudo bem, eu entendi que vocês se envolveram naquele escândalo, mas casamento é coisa séria! É um dos maiores compromissos que uma pessoa pode arcar com a responsabilidade na vida.

— É um casamento de mentira, se esqueceu?

— Mentira entre aspas! Vocês precisarão se casar oficialmente em um cartório, se esqueceu? — Droga. Sempre me esqueço desse maldito detalhe. — E como você ficará durante esses seis meses, uhm? Digo, sua saúde mental. Seus miolos já não batem muito bem, agora casada com aquele homem... Fico com medo de você se perder, Dulce.

Sorrio ao notar sua preocupação genuína.

Afirmo com veemência que Maite é a pessoa que mais me conhece nesse mundo. Ela viu o que há de pior em mim e, mesmo sabendo de todos os meus defeitos, não foi embora. Ela prometeu ficar, e desde que tínhamos quinze anos, vem cumprindo com essa promessa.

— Serão seis longos meses, não vou mentir. Mas estou pensando a longo prazo, entende? Se for para tirar algum benefício de toda essa situação, que seja engrenando a minha carreira. Assim, posso finalmente viver do meu sonho.

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