Capítulo 27

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Christopher Alexander

— Vamos lá, cara. Pode me contar, eu sei que vocês tão se pegando. Juro guardar segredo. — Poncho cochicha para mim enquanto estamos sentados, “curtindo” o evento beneficente.

Entre aspas porque, para mim, não há nenhuma curtição nisso.

Quando descompromissado, a graça era paquerar cinquentonas e beber até perder o juízo; agora que sou “casado”, posso ver os olhos de falcão de Scott grudados em mim desde quando nos sentamos para jantar.

Apesar de que, na atual situação em que minha vida se encontra, não sinto vontade de paquerar com outra pessoa que não seja Dulce. A única coisa em que consigo pensar, é no quão delicioso seria tirar aquela porcaria de vestidinho do seu corpo com o meu dente. Ah, sim. Isso faria minha noite valer a pena.

— Viu só? Eu sabia. Não adianta nem negar, Alex. Eu sei da verdade.

— O quê? — Finalmente respondo Poncho, que parece estar falando comigo.

Se estava, não prestei atenção. Meus olhos estavam focados na minha esposa, que está do outro lado da mesa, sentada conversando animadamente com Anahí e Christian.

Enquanto isso, Poncho e eu estamos na outra ponta, beliscando canapés porque não gostamos do ensopado que foi servido no jantar, tomando poucos goles de champanhe.

Bom, eu estou tomando poucos. À essa altura, Poncho já deve estar na décima taça.

— Não tente se fazer de desentendido, cara. Eu já saquei o que tá rolando.

— Que seria...?

— Qual é, irmão! Admita de uma vez por todas que você e a Dulce estão dando uns amassos!

Ah, é disso que ele está falando. Não consigo conter o meu sorriso de canto.

— E no que isso te interessa?

— Hã... em tudo? — Meu amigo me encara como se essa fosse a pergunta mais idiota do mundo. — Vocês mal podiam ver a cara um do outro há o que, um mês? Quero saber o que aconteceu nesse meio tempo. Vamos lá, me conte. Por favor.

Mentir para Poncho nunca é uma opção. Número um, porque dentre todos os caras, ele é o que consegue me ler com mais facilidade; e número dois, ele te vence pelo cansaço. Ele é insistente. O tipo de pessoa capaz de te fazer querer falar apenas o que ele quer ouvir para não te encher mais o saco. Como estamos a sós, e ele está bem bêbado, contar a verdade não seria tão ruim. Até porque ele é um dos meus melhores amigos, e sei que irá guardar segredo. Não do Christian; não ligo se ele ficar sabendo, o meu problema é com Scott. Se meu empresário soubesse que estamos nos pegando, e que se isso der algum problema pode colocar muitas coisas em risco... melhor não.

— Preciso que você me prometa apenas uma coisa.

— O quê?! — Seus orbes brilham como o de um cachorro pidão, ansioso por um pedaço de carne.

— Não conte para o Scott — digo em um tom mais sério, olhando fundo nos seus olhos. — Conte para Christian. Vocês são a minha família. Mas o Scott... bom, não que ele não seja, mas não tanto quanto. E não quero nosso empresário enchendo a porcaria do meu saco.

— Tá legal, eu prometo. Agora me conte o que aconteceu!

Rio ao notar seu desespero pela fofoca. Na verdade, eu estava mentindo; não iria lhe dizer toda a verdade, apenas o principal: que estamos nos pegando porque pintou um clima. Não direi sobre o acordo que fizemos, porque envolve assuntos pessoais de Dulce. Assuntos que não dizem respeito a ninguém além dela mesma; e agora de mim, que irei lhe dar um empurrãozinho.

O SOM DO IMPROVÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora