Christopher Alexander
A lista de indicação ao “Single Music Awards” está prestes a ser lançada, e eu nunca estive de tão mau humor como estou nesse exato momento.
Acho que a última vez que me senti nervoso desse jeito foi quando vi Dulce entrando no altar no dia em que nos casamos.
“Casamos”.
Mas naquele dia, era um nervosismo diferente. Eu sabia que, se alguma coisa desse errado, haveriam pessoas ali para contornar a situação e nos ajudar. Dessa vez, não tenho ninguém. Ou melhor: não conseguimos recorrer a ninguém.
Se não formos indicados, já era. Mais um ano em que a banda perde esse prêmio. Mais um ano em que os tabloides divulgam matérias duvidando da nossa capacidade artística, já que “não somos bons o suficientes para sermos indicados.”
Levantei cedo e nem ao menos dei bom dia para minha esposa. Pela manhã, peguei o celular e já comecei a abarrotar Scott de mensagens, perguntando se ele tinha alguma informação vazada.
Nada.
Depois, fiz uma chamada de vídeo com Christian, que esstava tenso como eu. Já Poncho, parecia ocupado demais com uma garota de cabelos castanhos, que se escondia da câmera e ria. Pelo que entendi, seu nome é Rebecca, e eles estão se conhecendo.
Que seja. Pouco me interessa agora.
Após passarmos uns dez minutos conversando, desliguei. Nesse meio tempo, não vi Dulce. Ela provavelmente está enfiada no seu ateliê, pouco interessada na nossa indicação.
Que ótima assistente administrativa nós temos.
A lista sairá às três da tarde. Já são duas e meia. O tempo passou, e nem percebi que não almocei. Ouvi Dulce murmurando que iria pedir comida, mas não lhe respondi.
Duvido que ela tenha pedido algo para mim, então não faço o esforço de descer até a cozinha para conferir. Continuo enfiado nessa sala, atualizando a página de indicados de segundo em segundo, esperançoso de que, por um milagre, essa lista saia mais cedo.
— Você está me assustando.
Paro de mexer no celular ao ouvir a voz de Dulce. Ela está de braços cruzados no batente da porta, me encarando num misto de desgosto e pena.
Minha aparência não deve ser das melhores.
Na noite passada, dormi na sala para deixá-la mais à vontade na cama depois de seu episódio de choro esquisito. Não consegui dormir. Fechava meus olhos, e o sono não vinha. Por algum motivo, estava me sentindo... sozinho. Perdi a conta do número de vezes em que abri as pálpebras para ver se ela estava lá.
Merda, acho que estou me acostumando ao dormir ao lado dessa megera.
— Fique tranquila, princesa. Eu não mordo. — Sorrio cínico, sem mostrar meus dentes. — A não ser que você queira. E peça.
A revirada de olhos que ela dá melhora um pouco o meu humor.
— Cala a boca. É sério. Você mal comeu no café da manhã e não almoçou nada.
— E desde quando você se importa?
— Não me importo. — Dá de ombros, tentando se fazer de indiferente. — Só não quero que passe mal e eu precise, sei lá, te levar para o hospital. Ou chamar uma ambulância.
— Uhum, sei. Admite, amor. Você se importa comigo.
— Pense o que quiser, eu não ligo. Só dá um jeito nessa sua cara horrorosa. A indicação do SMA vai sair em alguns minutos, não apareça com essa cara feia para agradecer pela indicação.
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O SOM DO IMPROVÁVEL
Fanfiction(+18) FANFIC VONDY Christopher Alexander é o típico astro do rock que todos amam odiar: talentoso, charmoso e cheio de problemas. Liderando a famosa banda "Furia Azteca", ele vive cercado por polêmicas, festas intermináveis e manchetes escandalosas...