Dulce María
Christopher poderia ser muitas coisas, mas eu nunca diria que ele é um homem sem palavra. Até porque seria uma mentira.
Confesso que uma parte de mim pensou que ele se negaria a fazer o jantar. Afinal, não foi uma aposta “séria” - eu só disse aquilo para animá-lo, pois sabia que seu instinto de competição atrelado a mim o faria se agitar de certa forma. Sabia que iria ganhar, e adorei vê-lo perdendo. Mas não pensei que Christopher fosse mesmo cumprir com sua promessa.
Não pedi nada muito elaborado ou exagerado. Meu paladar não é refinado e chique o suficiente para pensar em algo difícil. Então, me contentei em pedir minha junção de comidas favoritas: macarrão, molho branco e camarão. Tá, algumas pessoas podem achar o camarão “chique”, mas cresci comendo o fruto do mar, já que minha tia trabalhava em uma peixaria que vendia os camarões a preço de custo. Sou grata por não ser alérgica, já que se fosse, provavelmente teria morrido de fome.
Visto uma roupa simples e confortável para a ocasião: short jeans de lavagem acinzentada e uma camiseta de botões branca, que quase me força a usar um sutiã. Por sorte, a peça não é tão transparente assim. Não me dou ao luxo de colocar sapatos. A casa é limpa quase todos os dias, e adoro ficar com meus pés no chão.
Não faço ideia de como Christopher está. Ele me trancou nesse quarto há quase uma hora, dizendo que eu só sairia quando tudo estivesse pronto. Até parece. O babaca está longe de mandar em mim, e estou ficando entediada. Além de que o cheiro da cozinha está chegando até aqui, fazendo minha barriga protestar.
Se eu descer até a cozinha, consigo uns beliscos. E também consigo inspecionar o que ele está fazendo.
Cansada de ficar sozinha, saio do quarto e desço a escada na ponta dos pés para fazer menos barulho. Ao chegar na porta da cozinha, o cheiro delicioso de camarão com temperos quase me deixa embriagada.
Christopher está de costas para mim, com um avental branco amarrado na cintura, usando uma camiseta preta e calça jeans.
Nada fora do comum.
— Sabe, princesa, é feio bisbilhotar os outros.
A frase que sai da sua boca me faz dar um pulinho, assustada por ter sido pega no flagra.
— Não estou bisbilhotando ninguém — minto na defensiva, adentrando a cozinha puxando uma cadeira para me sentar. Apesar da sala de jantar, há uma mesa alta com banquetas aqui. Um pouco mais descontraída, perfeita para a ocasião. — Só tô morrendo de fome. Você está demorando muito para cozinhar.
— Ora essa, já está colocando defeito na minha comida.
Ele finalmente se vira, me encarando.
Christopher está com um daqueles seus sorrisos sapecas no rosto, com cara de quem irá me irritar pelo resto da noite. Seus cabelos estão em uma bagunça perfeita - se é que isso existe.
— É claro que estou. Nunca vi uma pessoa demorar tanto tempo para fazer um macarrão!
Na verdade sei que o prato leva tempo. Apenas quero importuná-lo para não perder o costume.
— Blá-blá-blá. Já te disseram que você é muito chata?
— E já te disseram que você é um babaca arrogante imprevisível?
— Sim, você me disse isso incontáveis vezes.
— Então estamos quites.
Pela primeira vez, não me sinto irritada com suas respostas. Christopher e eu estamos rindo um para o outro.
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O SOM DO IMPROVÁVEL
Fanfiction(+18) FANFIC VONDY Christopher Alexander é o típico astro do rock que todos amam odiar: talentoso, charmoso e cheio de problemas. Liderando a famosa banda "Furia Azteca", ele vive cercado por polêmicas, festas intermináveis e manchetes escandalosas...