Capítulo 12

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Christopher Alexander

— Nem fodendo, nem fodendo, N-E-M F-O-D-E-N-DO!

São as únicas palavras que consigo dizer após ouvir o pedido absurdo de Scott, que está me encarando com seus olhos azuis pidões feito um cachorrinho desesperado por um petisco. Se ele pensa que vai me convencer com essa expressão, está muito enganado. E como!

— Eu prometi à imprensa um single, Christopher — diz ele, tirando seus óculos de grau e o ajeitando no colarinho da sua camiseta. — Algo exclusivo, único, romântico e memorável.

— Peça para um dos outros garotos escreverem, então.

— Não, não. Precisa ser você, algo que venha do seu coração.

— Por Deus, Scott. Você não pode estar falando sério.

Eu realmente gostaria que ele estivesse brincando, mas seus orbes azulados o entregam – ele realmente está falando sério. Scott teve a brilhante ideia de anunciar para a imprensa que, no casamento, eu iria cantar um single exclusivo para a cerimônia. Uma música totalmente romântica, melosa e que, segundo suas próprias palavras, deveria remeter a mulher que mais amo na minha vida.

Ah, tá. Tá bom.

Isso será impossível.

— Não trabalho com brincadeiras, garoto. Sou um homem sério.

— Eu sei que é, mas eu também sou! Não posso escrever um single da noite para o dia.

— Mas fez isso em “Perfect and Imperfect”.

— Ok, mas era diferente. Uma situação de urgência enquanto estávamos em turnê.

— E essa também é uma situação de urgência, ora essa! — Ele apoia as mãos em meus ombros, parando à minha frente. — Vamos lá, feche os olhos.

— O quê?

— Faça o que eu estou pedindo, garoto! — Sem entender o que meu empresário quer de mim, apenas cumpro sua ordem, fechando minhas pálpebras até tudo ficar escuro. — Agora, respire fundo.

— Olha, se isso for um exercício das suas aulas ridículas de yoga...

— Primeiro: minhas aulas de yoga não são ridículas, ok? São o que me mantém em sã consciência para aguentar você e seus tão queridos colegas de banda — posso imaginá-lo revirando os olhos, o que quase me arranca uma risada. — Segundo: não é, eu prometo. Vamos lá, inspire e expire...

Sem paciência para discutir, apenas cumpro com o que Scott me pede. Inspiro o ar pelo nariz e, devagar, solto pela boca. Até que não foi uma má ideia, no final das contas. Não me lembro da última vez que respirei fundo.

— Agora, quero que pense na Dulce. — Suas próximas palavras fazem com que meu cenho cerre automaticamente. — E nada de caretas.

— Impossível. Tudo o que me remete àquela mulher me dá desgosto.

— Não seja tão dramático, Alexander. Vamos lá, pense em alguma coisa boa!

— Não dá, Scott! — Bufo, tentando me esforçar para pensar em algo bom. E, como de se esperar, nada surge diante da minha cabeça. — Sei que posso estar parecendo um garoto mimado e birrento, mas estou sendo sincero. Não consigo pensar em nenhum adjetivo bom para descrevêla.

— Certo, certo. Isso vai ser mais difícil do que eu esperava. — Ele passa alguns segundos em silêncio, tentando pensar em outra alternativa que nos ajude a criar algo. — Ok, já sei: me diga a primeira palavra que vem à sua cabeça quando pensa nela. Algo que não seja muito grosseiro ou insensível.

O SOM DO IMPROVÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora