Capítulo 32

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Dulce María

Down we go, the rooms spinning outta control
(Para baixo iremos, os quartos estão girando descontroladamente)

Lose yourself in a chemical moment
(Se perca num momento químico)

The night life's taking it's toll
(A noite está custando caro demais)

That's just the way it goes
(É assim que as coisas são)

[...]

“Se perca num momento químico”.

É exatamente assim que estou me sentindo conforme Christopher e eu adentramos a porta do quarto de hotel aos tropeços, sem desgrudarmos nossos lábios um do outro.

É como se meu corpo inteiro estivesse pegando fogo - cada centímetro de pele que ele toca, incendeia. Christopher me incendeia.

Ele tocou todo o meu caos e, sem perceber, o transformou em chamas.

Há tantas coisas que eu gostaria de dizer para ele. Palavras e mais palavras que, no fim, se transformam em beijos. Enquanto tiro sua camiseta, quero confessar minha paixão; quando ele beija meu pescoço e começa a baixar a alça do meu vestido, sinto vontade de pedir para acabarmos com a droga desse acordo de casamento de mentira e torná-lo verdadeiro, ainda que seja uma loucura.

No momento em que já estamos completamente nus, deitados na cama, com sua ereção roçando contra minha boceta latejante, quase digo que o amo.

Que o amo. Hesito por breve segundos.

Talvez esteja me precipitando. Talvez “amar” seja uma palavra muito forte. É uma palavra muito forte. Nunca disse para outra pessoa que a amo, com exceção de Maite.

Nenhuma das pessoas nas quais me relacionei ousou ouvir essa frase que carrega dentro de si um grande peso e significado.

Amor. Paixão.

Passei muitos anos da minha vida sem saber o que isso significa. Por um bom tempo, pensei que jamais fosse descobrir. Imaginei que havia nascido para trabalhar, frequentar festas sem graça e conhecer caras sem sentido nenhum. Mas agora, nesse quarto de hotel, tudo parece fazer sentido. É como se as peças de um quebra-cabeça estivessem finalmente se encaixando.

Todo o ódio, raiva e rancor que sentia por Christopher se transformaram em algo bem maior. Algo que nós dois jamais esperávamos que fosse acontecer.

É estranho, assustador e reconfortante ao mesmo tempo.

— María, você está acabando comigo — Christopher ofega, trazendo-me de volta para a realidade.

Balanço a cabeça bem devagar, o movimento sendo imperceptível para ele. Ao baixar o meu olhar, noto que passei esse tempo todo me esfregando contra o seu pau nu. Não consigo conter o sorriso travesso que preenche meus lábios.

— Qual o problema? — pergunto em tom de provocação, roçando nele mais uma vez. Christopher fecha os olhos. — Eu quero você.

— Eu também quero você...

— Então qual é o problema? — Ergo meu pescoço até alcançar o seu, mordendo sua pele com delicadeza e um toque de sensualidade.

— Nós... nós estamos num hotel — murmura, sem desfazer os meus beijos e mordidas. — Num hotel qualquer.

— E daí?

— Daí que...

— Não, nem pense em dizer o que estou pensando — o interrompo, sabendo exatamente quais seriam as palavras que sairiam da sua boca. — Não ouse me tratar como uma virgem!

O SOM DO IMPROVÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora