Christopher Alexander
O retorno da Furia Azteca havia sido uma merda sem fim. Ou melhor: eu estou uma merda sem fim.
Desde quando me divorciei, meu estado de espírito se encontra num limbo entre estar com uma vara gigantesca enfiada na bunda ou estar sentado no colo do satã enquanto ele me faz imaginar minha ex-esposa deitada na cama com outro homem.
Dessas duas opções, a primeira é a melhor.
Os caras estão ótimos. Poncho aperfeiçoou ainda mais seu solo; Christian nunca deixava a desejar, mas parecia ter se aperfeiçoado nas notas mais ainda; enquanto eu...
Bom, digamos que foi a primeira vez que desafinei em muitos anos de carreira.
Eles foram legais comigo. Disseram que estava tudo bem, que era um retorno em meio ao caos, que as coisas melhorariam, mas sinceramente? Nada me parecia melhorar.
A cada verso, cada estrofe, eu pensava nela. Na sua boca suja e impiedosa. No seu rosto angelical e tão lindo, que me dava raiva ao lembrar. Caramba, eu pagaria um milhão de dólares para que Dulce estivesse aqui como nos velhos tempos, colocando defeito em cada passo que eu dava. Era muito melhor tê-la me odiando do que não ter nada dela.
Escrevi muitas músicas enquanto estávamos juntos. Músicas essas, que cometi o erro de mandar para Scott na época. Agora, o desgraçado insistia para que eu as cantasse, alegando que eram boas. Óbvio que eram boas. Eram ótimas, incríveis. Perfeitas. Escrevi pensando na sua filha, em como ela roubou meu coração e o devolveu sem que eu o quisesse de volta.
Sinto que posso enlouquecer a qualquer momento.
NOTHING LIKE YOU (NADA COMO VOCÊ)
Eu passei boa parte do meu tempo
Apreciando cada momento
Festas, álcool, bebidas e drogas
Tudo para me manter fora de órbita
Mas não há nada como você, querida
Não há nada como estar do seu lado
Mesmo quando estamos brigados
Não há nada que eu faria diferente
De tudo o que acontece entre a gente
Porque não há nada como você, querida[...]
O verso de “Nothing Like You” se repetia na minha cabeça como um lembrete perfeito da melhor fase da minha vida. Escrevi essa música num dia comum, corriqueiro. Estava deitado em uma das espreguiçadeiras da minha piscina, e Dulce estava debruçada no meu peito. Ela lia um livro erótico sobre um CEO e sua secretária virgem, enquanto eu caçoava da história. Naquele momento, percebi que não havia nada como aquilo. Como nós dois juntos, rindo sozinhos. Ou até mesmo quando brigávamos, pois eu adorava vê-la gritando comigo. Tudo em Dulce María me fascinava.
Ou melhor: tudo em Dulce María ainda me fascina.
A notícia do divórcio não demorou para correr no mundo inteiro. E quando digo mundo inteiro, quero dizer até nos principais jornais na televisão. Tabloides, sites de notícias, tudo o que se pode imaginar.
Não fazíamos ideia de como a notícia havia vazado, mas já era algo de se esperar.
As especulações não param; todos querem saber o que levou “o casal queridinho de Hollywood” a se separar.
E são esses boatos que estão me matando.
Um específico me faz bater o copo de whisky com tanta força no balcão do bar, que Penélope solta um xingamento que não compreendo. Estamos eu, ela e Scott sentados no The Same, um bar localizado em um bairro mais reservado de Los Angeles. Sei lá que bairro é esse. Já bebi tanto, que mal consigo pensar direito.
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O SOM DO IMPROVÁVEL
Fanfiction(+18) FANFIC VONDY Christopher Alexander é o típico astro do rock que todos amam odiar: talentoso, charmoso e cheio de problemas. Liderando a famosa banda "Furia Azteca", ele vive cercado por polêmicas, festas intermináveis e manchetes escandalosas...