Capítulo 10

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Christopher Alexander

Consigo sentir os pequenos dedos de Dulce tremendo enquanto caminhamos pelo lobby do hotel, prestes a nos depararmos com uma chuva de paparazzis e suas centenas de perguntas que não tem fim.

Estou acostumado com esse tipo de situação.

Desde quando a Furia Azteca se tornou uma banda mundialmente famosa, tivemos de aprender a lidar com a imprensa. Com seus questionamentos invasivos, com a falta de privacidade, enfim, tudo que envolve a vida de uma figura pública.

Não que exista uma escola ou professor que te ensine a ser uma estrela, mas com o passar do tempo, você aprende alguns truques e macetes para poder lidar melhor com isso. O principal deles é: escolha as perguntas que deseja responder.

Nem tudo precisa ser dito.

Como por exemplo, se me perguntassem sobre minhas “traições”, não iria me pronunciar a respeito. A não ser que muitos deles insistam nesse assunto, tornando meu posicionamento necessário.

Se uma pergunta é ignorada, ela passará em branco; agora, se a mesma pergunta for evitada diversas vezes, pode apostar que ela se tornará pauta de notícias minutos depois da coletiva ser encerrada.

Dulce está nervosa. E com medo.

Ela pode tentar fingir para Scott que está tudo bem, entregando para o empresário seus melhores sorrisos amarelos e falsa confiança, mas eu sei que ela não está. Pude vê-la engolindo em seco pelo menos três vezes. Ela não faz ideia do que esperar, como esperar, muito menos de como agir.

A teoria é fácil. Nela, responderemos algumas perguntas, anunciaremos que estamos noivos e, no fim, tudo ficará bem.

Mas na prática... não faço ideia do que esperar.

Concordamos em conceder uma entrevista à jornalista Jennet MacDurty, proprietária da revista e blog on-line: “Que horas são agora em Los Angeles?”. Jennet é capaz de lapidar qualquer má reputação em uma joia. Seu site é o mais acessado em todo o país e até mesmo fora dele, então Scott logo agendou um horário com ela para que pudéssemos dar andamento a toda essa farsa o mais rápido possível.

No curto caminho de sairmos do hotel até a limusine, uma chuva de paparazzis nos cercou. Eles perceberam que estava de mãos dadas com Dulce, e logo trataram de tentar enfiar seus captadores de áudio na cara dela. Ela ficou temerosa, sem saber se deveria dizer algo, então tudo o que pude fazer naquele momento foi me colocar à frente do seu corpo, ignorando todas as perguntas enquanto a protegia de ser mais incomodada pelos flashes.

Eu, Christopher Alexander, protegendo Dulce María de paparazzis. Se isso for um sonho, por favor, me acorde logo.

— Jennet não tem papas na língua — avisa Scott, olhando para nós dois. Já não estamos mais de mãos dadas pois não há necessidade. — Ela é mesquinha, fofoqueira, maldosa e ardilosa. Foi isso que a colocou no topo da carreira.

— Pensei que fôssemos conceder entrevista a mais de uma pessoa — diz Dulce, tentando raciocinar o que está acontecendo.

— Você não deveria saber disso? Pensei que fosse sua função — provoco, apenas para me lembrar de sua reação furiosa. E dá certo, já que ela logo me encara com seus olhos castanhos queimando em fúria.

— Cala a boca, seu babaca.

— Não é necessário, Dulce — Scott volta a respondê-la, ignorando minha provocação. — Somente uma pessoa é capaz de soltar uma nota ou matéria que mudará o rumo da história de vocês, e essa é Jannet. Pergunte a qualquer um do ramo e ele apenas reafirmará o que estou dizendo.

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