Capítulo 13

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Dulce María

O grande dia finalmente havia chegado.

E nunca, nem em um milhão de anos, eu poderia imaginar que estaria tão nervosa como estou nesse exato momento.

Pensei que fosse ser mais forte.

Na minha imaginação, eu estaria mais preparada para esse momento. Afinal, tudo isso é uma grande mentira. Minhas madrinhas não são de verdade; grande parte dos convidados foram contratados para contracenar e fingir serem velhos amigos; a decoração, o bolo, os docinhos, as bebidas, não fiz questão de escolher nada disso – apenas a cor do vestido das meninas, que consiste num tom azul pastel, que acabou sendo o mesmo da decoração; nada disso é verdadeiro.

Tudo não passa de uma grande mentira.

Uma mentira para disfarçar uma pequena confusão que poderia muito bem ter sido evitada, se Christopher e eu fôssemos mais espertos.

As maquiadoras pensam que estou tensa por estar ansiosa para me casar com ele. Pobres coitadas. Elas tentam ser simpáticas comigo, mas não consigo. Me fazem perguntas como: “você está nervosa em se casar com um astro do rock?”, “fique calma, Dul. Seu vestido é lindo, aposto que ele vai babar!”, “a festa vai acabar rapidinho, assim vocês podem pular logo para a noite de núpcias”, entre outras palavras que, na cabeça dessas mulheres, servem como incentivo.

Mal imaginam que sinto vontade de sair correndo de toda essa loucura e largar todos na mão.

“Será que eu devo?”, é a pergunta que não paro de fazer a mim mesma desde quando me sentei nesse salão para ter o meu dia de noiva. “E se eu fugisse, o que teria a perder?”. “Muito”, meu cérebro responde logo em seguida.

Não é somente minha vida que está em jogo.

É a de Scott, de Christopher, toda a reputação da Furia Azteca depende deste único dia infernal onde serei a protagonista. Também não posso me esquecer de que aceitei isso.

Logo após a euforia da festa passar, nos encontraremos com o advogado da banda para acertarmos os papéis do acordo.
Um acordo de verdade para um casamento de mentira. Um tanto quanto irônico, se for parar para pensar.

— Cheguei, cheguei! — Anahí entra com tudo no salão, fazendo as manicures a olharem com cara feia. Não consigo deixar de sorrir. — Deus, me desculpem o atraso. Como essa cidade é caótica! Cruzes!

— Como é bom te ver, Ani.

Peço licença para as manicures, que estavam prestes a esmaltar meus dedos, para dar um abraço apertado nela. Suspiro aliviada ao sentir sua presença, e percebo que ela faz o mesmo, me envolvendo em seus braços.

Anahí é a melhor amiga de Poncho. Consequentemente, quando a banda ainda era pequena, ela estava conosco o tempo todo. Fosse dando opiniões em músicas, notas, tons... ela é a típica namorada de um rockstar: seus cabelos loiros naturais, naquele tom mais escuro, esvoaçantes e cheios estão em uma bagunça charmosa que deixaria qualquer mulher com inveja de tamanha naturalidade. Sua franjinha é o toque principal, a deixando ainda mais jovial do que já é. Seus grandes olhos azuis estão brilhando ao me verem, e devo admitir que sinto muito sua falta no meu dia a dia.

Era divertido ter mais uma companhia feminina. Não me sentia tão sozinha, pois ela tinha intimidade o suficiente com eles para me proteger – não que eu precisasse, é claro. Ambos, com exceção de Christopher que me odeia por natureza, sempre foram respeitosos comigo. Mas somente uma mulher entende o quão reconfortante é a presença feminina num ambiente repleto de homens.

— Eu não perderia essa ocasião por nada nesse mundo!

Seu toque inglês se intensificou ainda mais ao longo dos anos. Anahí é da Inglaterra, mas se mudou para Summerville quando pequena, onde conheceu os meninos. Depois de crescida, optou por voltar ao seu amado país de origem, fazendo com que seu acento ficasse ainda mais forte. Gosto dele, combina perfeitamente com ela.

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