Capítulo 17

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Christopher Alexander

10 ANOS ANTES.

— Eu vou me casar com ela um dia.

André dizia isso, ao menos, três vezes por semana. Todas as vezes em que ele colocava seus olhos em Penélope, meu irmão mais velho só conseguia vê-la como sua futura esposa.

O que eu acho ser uma grande besteira.

— Você não tem nem vinte anos, André. — Rolei meus olhos para ele, cansado da sua melação. — Como pode querer se casar com alguém?

— Querendo, ora esse. — Deu de ombros, indiferente com meu comentário. — Ela é a mulher da minha vida, irmão. Eu sei disso.

— Como sabe?

— Não sei, eu só.... sei. — Nós dois rimos da sua elipse. — Nem tudo precisa ser explicado, sabia? Quando olho para Pene, tudo o que eu vejo é ela. Não sei se faz muito sentido.

— Na verdade, não faz sentido algum.

— O mundo inteiro fica preto e branco. Ela é o único feixe de luz colorido que eu enxergo. — Suspirou, olhando para sua namorada. Estávamos na varanda de casa enquanto Penélope brincava de jardinagem - ao menos, ela tentava. Ambos se olharam ao mesmo tempo, e a vi sorrindo. Com os olhos e com a alma. — Ela está em tudo o que eu faço, Alex. Sinto que minha vida começou a fazer sentido quando a beijei pela primeira vez.

— Blá-blá-blá, quanta besteira! — resmunguei, fazendo ele rir e empurrar meu ombro. — Sério, André. Nunca te ouvi falando tanta merda ao mesmo tempo.

— Não estou falando merda, babaca. Esse é o amor.

— Para mim, é o desgosto. — Não me leve a mal. Eu gostava muito de Penélope, apenas odiava ver meu irmão tão apaixonado. Era chato. — Não sirvo para ser acorrentado a uma mulher só. O mundo está cheio de garotas caidinhas por mim, por que daria somente a uma o privilégio de me ter?

— Deus, quando foi que você ficou metido desse jeito?

— Metido?! — O encarei genuinamente ofendido. — É apenas a verdade! Olhe para nós, irmão. Somos bonitos. Gostosos, charmosos e tudo mais. Quem não iria querer trepar com a gente?

Naquele momento, André soltou uma daquelas suas gargalhadas que faziam todo mundo rir. Nossa mãe costumava dizer que ele era como um globo de discoteca: ele refletia a luz que havia de melhor em todo mundo.

Até mesmo em mim, a criança que virou uma “ovelha negra”.

Nossos pais só tinham olhos para ele, e por mais que eu ficasse um pouco enciumado de vez em quando, os entendia perfeitamente. Porque também era obcecado pelo meu irmão - de um jeito bom, é claro.

— Você é engraçado, Alex. Puxou o senso de humor da mamãe.

— E você puxou o romantismo dela, seu melodramático apaixonado.

— Que seja. Eu acho que ela gosta da Penélope, sabe? Por mais que seja um pouco brava e não nos deixe namorar com a porta fechada.

— Eu não acho, tenho certeza. — Apoiei minha mão no seu ombro, tentando lhe passar conforto. — A Macarrão Penne é legal. Eu gosto dela, mesmo ela sendo quase tão chata quanto você.

— “Macarrão Penne" — Ele riu do apelido que dei para sua namorada, balançando a cabeça de um lado para o outro. — Ela odeia esse apelido.

— Odeia nada, é tampouco criativo e original ao mesmo tempo. Aposto que ela ama.

O SOM DO IMPROVÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora