Christopher Alexander
Dulce está sendo teimosa.
E eu estou adorando assistir isso de camarote.
Admito que talvez eu tenha sido um pouco babaca com ela na noite passada. Sim, eu poderia ter mobiliado um quarto para ela; poderia ter cedido o meu, mas por que eu faria tudo isso sendo que ela jamais o faria por mim? Não, não e não.
Dulce precisa de limites. Sempre precisou. E se Scott nunca os impos nos seus anos de carreira, não me importarei em fazer.
Ela poderia muito bem ter dormido comigo.
Minha cama é enorme, nem sequer encostaríamos um no outro. Mas não. Minha amável esposa preferiu dormir no pedaço de móvel que chamo de sofá do meu hall de entrada, pois fiz questão de avisá-la que o da sala já foi usado para as maiores perversidades do mundo. Mesmo sabendo que ele já foi limpo, nunca se sabe. Não duvido nem um pouco que haja alguma calcinha perdida dentro de uma almofada ou no seu vão.
Levantei um pouco tarde, e ela não acordou ainda. São quase onze e meia da manhã quando ela decide dar o ar da sua graça na cozinha. O café da manhã está posto; preparei ovos mexidos, bacon, avocado, um suco de laranja e café preto. Não costumo contratar cozinheiras, acho demais para mim. Gosto de cozinhar. Gosto de me sentir uma pessoa comum, que vai ao mercado, que busca receitas na internet e coloca a mão na massa. Mesmo que, em alguns dias, acabe caindo na tentação de pedir um bom fast food em casa.
— Bom dia, princesa. — Abro o meu maior e melhor sorriso para Dul, que me lança um olhar mortal.
Ela está acabada. Literalmente. Seus cabelos lisos estão uma bagunça; o pijama amassado; suas mãos apoiadas nas costas, evidenciando que ela está com dor. E, mesmo assim, continua sendo uma das mulheres mais bonitas que meus olhos já repousaram o olhar.
— Só dia — resmunga, sentando-se na minha frente e logo se servindo com uma xícara de café. — Só para constar: aquela porcaria que você tem coragem de chamar de sofá no seu hall de entrada é uma merda.
— Uau, quantos palavrões. Não escovou os dentes para estar com uma boca imunda desse jeito?
— Vai.Se.Fo.Der — diz pausadamente. Sorrio mais ainda. — É sério. Aquele negócio não vale o milhão de dólares que deve ter pago!
— Milhão é demais, princesa. Se não me engano, ele custou oitenta mil.
— Ah, grande diferença! Não deixa de ser um móvel caro e inútil.
— Porque ele não foi feito para se dormir. E sim, para decorar o ambiente.
— Pois é, mas tive de perceber isso na marra.
— Não se tivesse dormido comigo, como propus.
— Nunca. — Ela para de me responder para pegar uma fatia de pão. Minha esposa coloca os ovos em cima dele, acompanhados de bacon. Na sua primeira mordida, ouço um longo suspiro escapando dos seus lábios. — Caramba, isso aqui está delicioso. Samantha que cozinhou?
— Não, amor. Seu maridão aqui tem um dote e tanto para a culinária.
Dulce quase se engasga com a comida, precisando tomar um gole do café. Sua reação de choque me faz rir. Ela não me conhece nem um pouco mesmo.
— O quê?
— Fui eu quem preparou o café.
A garota solta uma boa gargalhada, quase igual a que deu na noite passada.
— Ah, tá. Tá bom. Vou fingir que acredito.
— Pense o que quiser, María. Não ligo para a sua opinião.
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O SOM DO IMPROVÁVEL
Fanfiction(+18) FANFIC VONDY Christopher Alexander é o típico astro do rock que todos amam odiar: talentoso, charmoso e cheio de problemas. Liderando a famosa banda "Furia Azteca", ele vive cercado por polêmicas, festas intermináveis e manchetes escandalosas...