Christopher Alexander
O dia estava perfeito para que Dulce e eu cumpríssimos com o “dever de casa” que Scott nos passou: de sermos vistos juntos em público como um devido casal. Afinal, foi por isso que começamos a morar juntos.
Já tem pouco mais de um mês que estou dividindo o mesmo teto que Dulce. Um mês e uma semana, para ser exato. E nesses últimos trinta e sete dias - que passaram rápido demais -, aprendemos muitas coisas um sobre o outro. Mas a principal delas é, sem dúvida, a de que não nos odiamos tanto assim.
Na verdade, eu até que gosto um pouco da presença dela. Um pouco.
Fracassamos total nessa missão no início do casamento. Desde quando ela se mudou para cá, só fomos flagrados indo ao mercado uma vez - a mesma ida onde ela me xingou por eu não passar os dados do meu cartão para finalizar a compra e mandá-la pagar. Era óbvio que eu estava brincando apenas para provocá-la, mas Dulce sempre apelava com as minhas piadas, e voltou o caminho inteiro amaldiçoando até minha última geração.
Aquele foi o único dia em que um paparazzi conseguiu nos registrar, e nem estávamos nos portando como um casal. Na foto, estamos distantes um do outro. Não que isso tenha levantado alguma suspeita de nossa farsa para o público, mas era melhor nos prevenirmos.O sábado ensolarado me fez sorrir quando coloquei os olhos nele pela manhã. A droga do sol me fez sorrir. Confesso que, desde quando selei meu acordo com Dulce há uma semana, tenho andado meio alegre. Nossa convivência mudou; antes, o que eram farpas, se tornaram beijos. Todas as minhas provocações viravam motivo para nós estarmos nos beijando, e percebi que ela gosta desse jogo. Dulce María gosta de ser provocada até o extremo. De alguma forma, isso a excita. E o que a deixa excitada, consequentemente me excita também.
— Uau, o dia está incrível — diz ela, adentrando ao jardim. Quando repouso meus olhos na minha esposa, não escondo meu sorriso sapeca ao vê-la usando um biquíni branco, short jeans e um boné. Dul ergue uma sobrancelha. — O que foi?
— Uhm?
— Por que você tá me olhando desse jeito?
— Agora um marido não pode olhar sua esposa com admiração? — provoco, me aproximando dela, usando as palavras que sei que tanto odeia. O revirar de seus olhos é inevitável. — Você está linda, princesa. Quente como o sol.
— Até parece. Coloquei o primeiro biquíni e short que vi na minha frente. E escovei o cabelo.
— E daí?
— Daí que não é nada demais, ora essa — contrapõe, cruzando os braços na altura dos seios. — Estou normal.
— E o seu normal é lindo. Admirável.
— Onde está o Zeus? — desvia do assunto, caminhando até o jardim. Solto um riso nasalado, mas o guardo para mim. — Vamos mesmo levá-lo com a gente?
— Sim, vamos. Ele adora ir à praia. — Caminho na sua direção, procurando pelo meu cachorro. — E Zeus será ótimo para nossas fotos românticas de casal.
— Nunca mais diga essa frase. Que nojo. — Faz careta, desgostosa com meu comentário. — Sabia que é feio usar um pobre animalzinho para se promover?
— Primeiro: se tem uma coisa que Zeus não é, é um “pobre animalzinho”. — Faço uma pausa para gritar o seu nome. Ao me ouvir com mais clareza, meu Samoieda corre na minha direção, animado pelo passeio. Me abaixo para acariciar seus pelos brancos. — Diga para ela, filho. Conte para sua madrasta que você tem uma creche, que passeia três vezes por dia e que come uma ração que custa mil dólares o quilo.
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O SOM DO IMPROVÁVEL
Fanfiction(+18) FANFIC VONDY Christopher Alexander é o típico astro do rock que todos amam odiar: talentoso, charmoso e cheio de problemas. Liderando a famosa banda "Furia Azteca", ele vive cercado por polêmicas, festas intermináveis e manchetes escandalosas...