♦ Capítulo 43 ♦

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Lhes digo que, quando sua mulher estiver grávida, tenha muita paciência com ela. Ela vai te acordar de madrugada reclamando de dores nas costas e com desejos loucos.

— Enzo, eu quero melancia com manteiga.

Ok. A gente sai de madrugada pela rua, tenta encontrar um supermercado aberto e compra aquilo que a sua mulher tanto pediu mas que quando você chega em casa, ela pegou no sono. Outra vez.

— Enzo, quero chantilly com feijão. Anda logo, amor!

E lá se vai mais um homem pela selva da cidade, correndo atrás de tudo o que a sua mulher quer comer.

— Enzoo! Me traga chocolate com tomate. Por favor!

Katherine já está no quarto mês de gestação, repletos de desejos doidos e sem sentido. Eu li em algum site da internet que era normal. Li também que tem mulher que sente desejo em comer tijolo! Deus me livre! Ainda bem que nós homens não passamos por essas coisas.

Tivemos também dois sustos. Daqueles de fazer com que ficássemos gelados, suando frio. Como a sua médica havia alertado, Katherine poderia ter sangramentos. E no primeiro sinal disso acontecer, levá-la o mais rápido para o hospital. O coração apertado, a mão trêmula. Mas, por uma força divina e a vontade de viver nosso filho, o sangramento foi contido e o nosso pontinho continua lá, firme e forte. Como era a sua primeira gravidez, Katherine precisou redobrar os cuidados e foi preciso aceitar que não pode fazer nenhum esforço. Ela, mulher inquieta, fã de música e da dança, viu que deveria negar isso tudo para o bem do nosso filho. Ela até parou de brigar comigo quando eu lhe dizia para ficar quieta e descansar. Ela, sabendo de seu estado e de sua doença, aceitou todos os cuidados sem pestanejar. As vezes o susto age em nossas vidas para nos dar uma lição. E ainda bem que nada de ruim aconteceu com ele. De todo o coração, não consigo imaginar lidando com a situação de perda do meu filho. Meu primeiro menino. Ou menina.

Como todo homem, eu desejo um garotão. Um pirralho que vai correr atrás de mim, pedindo pra jogar bola ou pular nas minhas costas e fingir que sou o seu dragão, seu cavalo, seu fantoche. Mas, se assim Ele quiser que venha uma garota, que seja a princesa do papai. A princesa que nenhum safado irá colocar a mão.

Assim eu penso, inocentemente, mas mesmo assim, penso.
Que ela seja tão audaciosa e ousada como a mãe. Que seja divertida e amorosa. Educada e solidária.

— Ei, Enzo. Oi, acorda! — Será que não posso sonhar com o meu fruto, o que saiu do meu saco, um pouquinho só?

— Sim, lady. O que desejas? — Decido que irei sonhar mais um pouco depois de satisfazer a minha mulher. Ela está muito bem acomodada pela sua cama enorme, a televisão no suporte da parede e que passa Magic Mike pela terceira vez. Ela, irônica do jeito que é, disse que não está compreendendo  o filme.  E o bobo aqui, pensando em massagear seus pés.

Que ela peça o Channing para lhe massagear!

— Que você venha assistir comigo, meu amor. — Provocação, é isso que vejo ali. A mais pura provocação de Katherine. Cruzo os braços e paro ao seu lado, olhando para a televisão e depois para ela.

— Puta merda, Kath. Você quer que eu assista um tanto de marmanjo suado e rebolando? É sério mesmo? Eu deveria era colocar fogo nessa sua tevê, sua pervertida.

Pois é, eu me pergunto a mesma coisa. Como é que eu ainda estou conseguindo ficar nesse quarto enquanto a minha mulher me provoca vendo um filme desse tipo? Homem não está acostumado a lidar com essas situações não, mulheres. É normal pra gente assistir mulher gostosa rebolando.

E não mulher assistindo esses homens aí rebolando. É pedir demais.

Mas como sou um cara muito compreensivo e que foi ameaçado pela futura esposa de que não receberia um boquete daqueles - e deixe-me lhes dizer, Katherine grávida é uma ninfomaníaca de primeira! -, Tudo bem que decidimos não fazer sexo durante esse tempo, mas estamos nos descobrindo cada vez mais e claro, utilizando e muito bem as nossas línguas.

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