Prazeres da Noite

♦ Capítulo 52 - Penúltimo ♦ A cabana do Diabo.

Aposto que todos já assistiram filmes onde os mocinhos são torturados por especialistas nessa área.

Estou me sentindo em um desses filmes. Infelizmente.

Já não sei o que estou emitindo mais; Grunhidos, gemidos de dor. Gritos. Tudo isso e misturado.

— Espero que esteja gostando, Enzo. Se não pode quebrar o coração de um homem, faça-o sentir dor.

É. Engraçado demais um lunático querer me torturar desse jeito por um pecado antigo. Eu sei, porra. Eu errei pra caralho nessa vida, mas me diga, quem é que nunca errou? Quem é que nunca fez cagada e depois de apanhar tanto da vida, conseguiu mudar?

Esse filho da puta não consegue engolir que eu mudei por causa de Katherine. Que depois de toda aquela merda da adolescência, eu fui capaz de crescer e me preparar para ela. Sim. Quando a gente é mais novo, temos a tendência a só fazer merda. A gente deixa o pau comandar, achar que tudo vai dá certo e pronto, você fez a pior cagada. Caguei, literalmente.

Só que, depois de anos, Katherine conseguiu me perdoar. Dá pra acreditar nisso? A gente conseguiu se reconciliar, tudo bem que ela fez a merda de cu doce pra poder namorar comigo. Mas vejam só, eu consegui! E como esse milagre não podia ficar melhor, eu e minha mulher nos casamos.

Espero que tenham guardado essa cena, pois foi memorável. Algo marcante nesse planeta. Katherine aceitou se casar comigo.

Sou ou não sou a porra de um homem sortudo?

Mas aí, me aparece esse louco sem noção e estraga toda a porra do meu dia.

— Puta que pariu!

Eu não queria dar esse gostinho para aquele louco. Mas a dor foi forte demais. Eu suportei por longos minutos, horas. Perdi completamente a noção do tempo. Amarrado naquela cadeira, eu fechava os olhos e deixava a dor me consumir. Mark se deliciava com aquela cena. Eu me perguntava quando é que eu conseguiria me livrar daquele inferno.

— Ops. Te machuquei, cara? — Ele mexe mais ainda na faca cravada na minha coxa. Não sei de onde ele tirou aquilo, deve ter praticado muito. Será que ele fez alguma aula de como torturar alguém? — Sabe, Enzo. Aprendi muitas coisas nesses últimos anos. Principalmente, em como torturar, aleijar e até mesmo brincar com você sem que você morra ou desmaie. Isso é muito legal. Eu só preciso que você sinta a dor. Deixe que ela brinque com você. Vê? Agora não é tão bacana fazer outras pessoas sofrerem, não é mesmo?

Esse cara precisa ser internado o quanto antes.

Não sei o que seria de mim. Nem sei se alguém será capaz de me encontrar nesse inferno. Diabolicamente, Mark sorriu mais uma vez para mim e pela milésima vez, remexia naquele objeto enfiado na minha carne. Gritei mais vezes. Não sou aquele tipo de homem religioso, mas agora comecei a rezar. Pedi que, quem quer que fosse lá do céu, viesse até mim e me tirasse das mãos desse lunático.

Só um milagre poderia mudar o destino da minha vida.

— Mark, pelo amor de Deus. Eu tenho um filho pra criar. Você não percebe? Quer ficar preso pelo resto da sua vida? Me deixa ir. Eu sei que errei. Mas amo Katherine mais que tudo nessa vida! Você não pensa nela? Não quer que ela seja feliz? Então, pare com isso antes que seja tarde, porra!

Não sei de onde tirei forças para falar. Sei que por alguns segundos, eu ignorei aquele jogo mortal que Mark está fazendo e tentei convencê-lo da grande merda que se tornará a sua vida daqui pra frente.

Não consigo decifrar aquele olhar. Ódio. Nojo. Repúdio. É uma mistura de todos os sentimentos negativos que alguém pode sentir por outra pessoa.