Capítulo 6

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Acho que a noite com o Gabriel foi a última que eu passei calma.

Caos...

Era uma boa palavra pra aquilo tudo.

Eu estava lavando a louça quando aconteceu,olhei pela janela,e vi várias pessoas correndo.

Não...

Uma fumaça permanecia perto deles e logo atrás pude ver...

Gafanhotos.

O estranho mesmo,o que me fez ter certeza que a ira de Deus já estava começando a acontecer,foi quando eu vi aquelas criaturas demoníacas.

Eles tinham coroas de ouro e uma face parecida com a de um ser humano! um ser humano bem...do mal vamos dizer, tinham cabelos, e dentes afiados,uma couraça,caudas e ferrões como de escorpiões,na frente deles eu pude ver um ser de preto,um anjo na verdade,o anjo do abismo,Abadom,aparentemente o líder deles,eu tinha lido tudo sobre aquele dia antes mesmo dele ter chegado,depois que Louis me falou que eu devia me preparar psicologicamente com a bíblia,eu li o mesmo capítulo diversas e diversas vezes.

Era a quinta trombeta...

Os gafanhotos estavam perseguindo as pessoas,e,segundo a bíblia,foi dado a eles o poder dos escorpiões da terra,a picada deles nos feriria como a de um escorpião.

Não escapei.

Gabriel foi correndo até minha casa,me ajudar,mas não deu tempo,eles já estavam lá,tentamos de tudo,pular em cima das mesas,fechar as portas,atacá-los com vassouras,inseticidas,mas isso aumentava mais ainda a raiva deles, eles eram muitos,e estavam em todos os lugares! Literalmente! Parecia uma infestação,e era !,só me lembrei da última parte da profecia,depois que um deles já havia conseguido me picar,enquanto eu tentava subir na mesa.

Eles estariam ali durante 5 meses seguidos.Cinco . Meses.

Senti uma dor imensa,meu coração começou a pular como escola de samba,não sei como explicar direito,a cada picada,parecia que uma faca entrava no meu corpo,Gabriel também não foi deixado de fora,ele havia entrado na minha casa para tentar me salvar,e foi lá que ele ficou,por todos os 5 meses,ele gritava de dor,tão alto,que até as pessoas do outro quarteirão poderiam ouvir,eu também não parava de gritar,ardia,parecia fogo,chamas em minha pele,quando uma dor era aliviada outro gafanhoto me picava e a agonia foi tanta,tanta,que eu até me joguei no gramado para tentar matar os gafanhotos,nada adiantou,só conseguia ouvir o choro das pessoas,os gritos,os berros.

Eu ouvia pessoas carregando as armas que elas deviam ter pego para se prevenir de futuros ataques.

Eles atiravam e atiravam...nada,parecia que aquele couro que os gafanhotos usavam era tipo...anti-balas.

No primeiro mês eu ainda estava "melhor",conseguia suportar as dores,já estava se tornando rotina,eu iria dormir só quando ficava inconsciente e não pudesse mais sentir nada.

Quando eu acordava,eles ainda estavam lá,e picavam,picavam,picavam mais uma vez,e continuavam,a picar,a fazer doer,a dar uma imensa vontade de acabar com a minha vida.

Além da dor eu sentia medo,eles tinham uma face horrível,acho que se pudessem,eles me comeriam viva,apesar de que com o que eu estava sentindo,preferiria ser comida viva,ao ter que continuar ali.

No terceiro mês minha pele branca já estava roxa de tantas vezes ter sido atingida, os gritos se tornavam cada vez mais altos,e mesmo impossibilitada de andar,me contorcendo no chão,atirada no chão da minha cozinha, (da mesma que eu estava no primeiro mês) eu podia ver,as pessoas completamente desesperadas para acabar com a tortura,enfiando facas em seus corações,se enforcando,se cortando,mas a única coisa que acontecia,era mais dor,Deus não permitiria que eles fugissem assim tão fácil de sua ira,nem eu,eu podia acreditar e pedir ajuda à Ele,mas existiam coisas,que eu precisava passar,que eu deveria pagar...existiam regras.

I Segundo Para o Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora